PAM alerta para "crise de fome" que "está a aproximar-se" do Sudão do Sul

Uma "crise de fome está a aproximar-se" do Sudão do Sul, onde nos últimos cinco meses chegaram cerca de 300 mil pessoas fugidas da guerra no vizinho Sudão, alertou hoje o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas.

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Lusa
03/10/2023 11:04 ‧ 03/10/2023 por Lusa

Mundo

Sudão do Sul

A maioria das pessoas que fugiram dos combates e atravessaram a fronteira com o Sudão do Sul são sul-sudaneses que "estão a regressar a um país que já enfrenta necessidades humanitárias sem precedentes", sublinhou o PAM num comunicado hoje divulgado.

"Estamos a ver famílias a trocar um desastre por outro, a fugir do perigo no Sudão para se verem a braços com o desespero no Sudão do Sul", afirma Mary-Ellen McGroarty, diretora do PAM no Sudão do Sul, citada no texto.

Uma avaliação do PAM relativa à segurança alimentar revela que 90% das famílias que regressam ao Sudão do Sul estão em situação de insegurança alimentar moderada ou grave, enquanto os dados de rastreio recolhidos na fronteira revelam que quase 20% das crianças com menos de cinco anos e mais de um quarto das mulheres grávidas e lactantes estão subnutridas.

O PAM não dispõe de "recursos para prestar assistência vital aos que mais precisam", adverte a responsável.

Em todo o Sudão do Sul, o PAM tem um défice de financiamento de 536 milhões de dólares para os próximos seis meses e só conseguiu chegar a 40% das pessoas em situação de insegurança alimentar com assistência alimentar até 2023.

Os sul-sudaneses "atravessam a fronteira apenas com a roupa do corpo" e alguns são também vítimas de roubo e violência durante a viagem, segundo o PAM, que teme também epidemias durante a estação das chuvas.

Depois de se ter tornado independente do Sudão em 2011, o Sudão do Sul mergulhou numa guerra civil que fez quase 400.000 mortos e milhões de deslocados entre 2013 e 2018.

Um acordo de paz assinado em 2018 previa o princípio da partilha do poder entre os rivais Salva Kiir e Riek Machar no âmbito de um Governo de unidade nacional.

Mas as tensões e a violência continuam a assolar o país mais jovem do mundo, rico em petróleo, mas onde a grande maioria da população vive abaixo do limiar da pobreza.

A guerra no Sudão, iniciada em 15 de abril, entre o exército, liderado pelo chefe do Conselho Soberano de Transição, general Abdel Fattah al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (FAR) do seu antigo adjunto no organismo que assegura o poder desde o golpe de Estado de 2019, Mohamed Hamdan Daglo, fez já cerca de 7.500 mortos, segundo a Armed Conflict Location & Event Data Project, e desalojou mais de cinco milhões de pessoas - 2,8 milhões das quais fugiram da capital Cartum, palco de incessantes ataques aéreos, fogo de artilharia e combates de rua.

Leia Também: Lei eleitoral suscita controvérsia no parlamento do Sudão do Sul

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