Portal de notícias indiano e jornalistas alvo de rusgas em Nova Deli
A polícia indiana fez hoje rusgas aos escritórios de um portal de notícias que está a ser investigado por alegadamente ter recebido fundos da China, bem como às casas de vários jornalistas da publicação.
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Mundo Nova Deli
Os críticos do Governo de Nova Deli descreveram a rusga como um ataque a um dos poucos meios de comunicação independentes que restam na Índia, depois de este ano as autoridades indianas terem feito buscas nos escritórios da televisão pública britânica BBC, em Nova Deli e Mumbai (Bombaim), acusando as delegações de crime de evasão fiscal.
Segundo a Associated Press, o portal NewsClick, fundado em 2009, é conhecido como um dos raros meios de comunicação indianos dispostos a criticar o primeiro-ministro, Narendra Modi.
Vários outros órgãos de comunicação social foram investigados por questões financeiras numa altura em que organizações internacionais alertam para a "erosão da liberdade de imprensa" no país.
As autoridades indianas abriram um processo contra o portal e aos jornalistas no passado dia 17 de agosto, semanas depois de uma reportagem do jornal norte-americano New York Times ter alegado que a publicação digital tinha recebido fundos de um milionário dos Estados Unidos que, segundo o jornal de Nova Iorque, financiou a difusão de "propaganda chinesa".
O portal NewsClick nega as acusações.
O processo foi instaurado ao abrigo de uma lei antiterrorismo muito abrangente que permite a acusação de "atividades anti-nacionais" e que tem sido utilizada contra ativistas, jornalistas e críticos de Modi, alguns dos quais passaram vários anos na prisão antes de serem julgados.
A agência noticiosa indiana Press Trust citou funcionários não identificados como tendo dito que os investigadores recolheram dados dos computadores portáteis e dos telemóveis dos jornalistas e que dois jornalistas foram detidos.
Pelo menos dois jornalistas cujas casas foram alvo de buscas pela polícia de Nova Deli confirmaram que os aparelhos telefónicos e computadores foram apreendidos.
"A polícia de Nova Deli entrou em minha casa. Levaram-me o portátil e o telemóvel", escreveu o jornalista Abhisar Sharma na rede social X.
A polícia de Nova Deli não fez qualquer comentário.
O ministro-adjunto da Informação e da Radiodifusão da Índia, Anurag Thakur, acusou a NewsClick de difundir uma "agenda anti-Índia" e de trabalhar com o partido da oposição Congresso Nacional Indiano.
Tanto o portal NewsClick como o Partido do Congresso Nacional (PCI) negaram as acusações.
O organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras classificou o país em 161º lugar na classificação da liberdade de imprensa deste ano, escrevendo que a situação no país se deteriorou passando de "problemática" para "muito má".
O Clube de Imprensa da Índia declarou estar "profundamente preocupado com as múltiplas rusgas efetuadas às casas de jornalistas e escritores associados ao portal NewsClick".
"O PCI está solidário com os jornalistas e exige que o governo apresente pormenores", escreveu numa declaração difundida pela rede social X.
As relações entre a Índia e a República Popular da China têm sido tensas desde 2020, quando confrontos ocorreram confrontos numa zona fronteiriça disputada pelos dois países.
Na altura morreram, pelo menos, vinte soldados indianos e quatro soldados chineses.
Desde então, Nova Deli proibiu tecnologia de propriedade chinesa, incluindo o TikTok, e aplicou sanções fiscais a algumas empresas chinesas de telemóveis.
O governo de Modi também introduziu regras que exige a aprovação do governo para investimentos de empresas da República Popular da China e de outros países vizinhos da Índia.
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