"Não me quero expressar sobre as eleições que acabam de ser realizadas e quando ainda não há governo no momento em que falamos. Ainda há um processo em curso para se formar governo e, por conseguinte, tenho confiança nas instituições democráticas da Eslováquia", declarou Charles Michel, numa entrevista à agência Lusa e outros meios europeus em Bruxelas.
No caso da Eslováquia, "nas próximas semanas, haverá um governo e trabalharemos com o governo que tenha legitimidade institucional, seja ele qual for", acrescentou Charles Michel, dias depois da vitória do nacionalista Robert Fico nas eleições legislativas da Eslováquia, candidato que ficou conhecido por posições mais extremistas como a oposição à ajuda à Ucrânia.
O presidente do Conselho Europeu comparou: "Em encontros com a imprensa que precederam as eleições em Itália, tive exatamente as mesmas perguntas, tive as mesmas suspeitas".
Porém, cerca de um ano após a vitória da candidata nacionalista, Giorgia Meloni, "vemos que existe uma dinâmica em que a cooperação em torno do Conselho Europeu é eficaz e, portanto, funciona e falo por experiência", assinalou.
O responsável garantiu que o fórum que junta os chefes de Governo e de Estado da UE acolherá ainda assim as "preocupações e expectativas" do novo executivo eslovaco.
"Tal como fazemos com os 27 governos presentes à volta da mesa, e todos os 27 governos têm preocupações", concluiu Charles Michel, aludindo aos "diferentes interesses" que, no Conselho Europeu, culminam no "interesse geral da União Europeia".
As eleições legislativas na Eslováquia do passado sábado confirmaram a fragmentação do cenário político interno, com sete partidos representados no parlamento e diversas perspetivas para a formação de um inevitável governo de coligação.
Na segunda-feira, a Presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, encarregou o nacionalista Robert Fico de formar Governo após a vitória do seu partido nas legislativas de sábado, apesar de necessitar do apoio de outras formações para recuperar o cargo de primeiro-ministro.
O partido Direção - social-democracia (Smer-SSD), de origem social-democrata e nacionalista, que durante a campanha se opôs ao envio de mais ajuda militar à Ucrânia -, garantiu mais de 23% dos votos nas eleições legislativas.
A Constituição não estabelece um prazo fixo para a formação de um Governo, mas após o anúncio da sua formação deverá ser submetido a votação pelo Parlamento no prazo máximo de 30 dias.
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