Bloqueio israelita de 16 anos diminuiu desenvolvimento de Gaza
A ONU atribuiu hoje o declínio do desenvolvimento da Faixa de Gaza ao bloqueio exercido por Israel desde 2007, e descreveu as consequências económicas da guerra em curso com o Hamas como "impossíveis de definir".
© Ahmad Salem/Bloomberg via Getty Images
Mundo Israel
"O desenvolvimento diminuiu e o potencial humano e o direito ao desenvolvimento foram suprimidos" em Gaza, considerou a Conferência das Nações sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla inglesa), num relatório divulgado em Genebra, Suíça.
O relatório anual sobre a economia palestiniana foi divulgado numa altura em que Israel e o Hamas travam uma guerra sangrenta, na sequência do ataque do grupo islamita em território israelita em 07 de outubro.
Israel disse que mais de 1.400 pessoas foram mortas no ataque lançado a partir da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas desde 2007, quando começou o bloqueio israelita ao território com mais de dois milhões de habitantes.
Durante o ataque de uma violência e escala sem precedentes desde a criação do Estado de Israel em 1948, o Hamas também raptou duas centenas de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns na Faixa de Gaza.
Israel tem bombardeado Gaza desde o ataque, provocando a morte de mais de 6.500 pessoas, segundo um balanço divulgado pelo Hamas.
Além dos bombardeamentos, Israel cortou o fornecimento de água, eletricidade e combustível ao enclave palestiniano.
"As consequências económicas da atual crise humanitária em Gaza são impossíveis de definir", afirmou o diretor da Divisão de Globalização e Estratégias de Desenvolvimento da UNCTAD, Richard Kozul-Wright, na apresentação do relatório.
Referiu que o relatório "documenta os profundos desafios económicos enfrentados por uma população sob ocupação, que no caso de Gaza são agravados por um bloqueio económico que começou em 2007, bem como por operações militares intermitentes".
No relatório sobre a economia palestiniana em 2022, a UNCTAD referiu que o bloqueio de décadas "esvaziou a economia de Gaza, deixando 80% da população dependente da ajuda internacional".
"Marcado pelo aumento das tensões políticas e por um processo de paz há muito paralisado, 2022 foi um dos piores anos da história recente da Palestina", considerou o organismo da ONU, citado pela agência francesa AFP.
Segundo os peritos da UNCTAD, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,9%, mas a economia palestiniana ainda não recuperou totalmente do choque da pandemia de covid-19.
Desde o início da pandemia em 2020, o PIB real contraiu-se 11,3%, tendo depois subido 7% em 2021 a partir de um nível muito baixo, disse o organismo da ONU.
"O PIB 'per capita' da Palestina é atualmente apenas 8% do de Israel", segundo a UNCTAD.
O desemprego é de 45% na Faixa de Gaza e de 13% na Cisjordânia, de acordo com o organismo da ONU.
A UNCTAD concluiu que "o círculo vicioso de destruição e reconstrução parcial deve ser quebrado através da negociação de uma solução pacífica".
A solução, acrescentou, deve basear-se no direito internacional e nas resoluções da ONU e do Conselho de Segurança, para pôr fim às hostilidades, e "através do aumento da ajuda dos doadores para a recuperação de uma economia devastada pela guerra".
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