Cópias de 'O Código Da Vinci' transformadas em '1984', de Orwell
O projeto, 'Pulped Fiction', terá surgido pela primeira vez, em 2017, quando uma loja de caridade em Swansea começou a solicitar que as pessoas se abstivessem de doar mais cópias do romance de Dan Brown.
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Mundo Da Vinci
O artista britânico David Shrigley desmanchou milhares de cópias em segunda mão de 'O Código Da Vinci' e transformou-as em edições especiais de '1984', o romance de George Orwell.
Shrigley, de 55 anos, teve a ideia deste seu projeto, 'Pulped Fiction', pela primeira vez, em 2017, quando ouviu que uma loja de caridade em Swansea estava a solicitar que as pessoas se abstivessem de doar mais cópias do romance de Dan Brown.
O artista revelou à BBC News que essa notícia "despertou" a sua imaginação, levando-o a adquirir o maior número possível de exemplares do best-seller. Depois de ter 6.000 livros, Shrigley decidiu desfazer os romances e reimprimir o romance de Orwell, de 1949, que deixou de ter direitos autorais em 2021.
"Eu reli o '1984' recentemente e percebi que George Orwell tinha morrido em 1950, por isso já se tinham passado 70 anos [em 2020] desde a sua morte. Isso significava que todas as suas obras eram de domínio público, por isso qualquer pessoa podia publicar um dos seus livros", salientou.
Seis anos depois de Shrigley ter embarcado no projeto, as edições vão ser vendidas a partir do próximo sábado, na mesma loja - Oxfam Books & Music Swansea - onde o projeto foi concebido. No total, foram produzidas 1.200 novas edições do livro de Orwell, e cada uma será vendida por 495 libras (cerca de 568 euros).
Quando questionado sobre por que escolheu o romance de Brown, enfatizou que 'Pulped Fiction' não pretende ser uma "peça de crítica literária". Segundo Shrigley, 'O Código Da Vinci' e '1984' "apresentaram-se de maneiras diferentes, por razões diferentes".
"É quase como se a decisão de usar 'O Código Da Vinci' tivesse sido tomada por mim. Foi feito por Broadhurst [o gerente da Oxfam] e pela loja da Oxfam. Foi minha decisão ser de '1984', uma vez que ainda acho que é um livro muito importante para as pessoas lerem", frisou.
Shrigley deu conta ainda que o processo de transformar estes livros e criar algo novo era uma "referência muito direta" ao Ministério da Verdade, o local de trabalho do protagonista de Orwell, Winston Smith, cujo trabalho envolve reescrever documentos históricos.
"A narrativa deste projeto é algo que aconteceu por acidente... Mas parece haver tantas coisas que aconteceram neste projeto que são estranhas coincidências", salientou. Uma dessas coincidências envolveu o designer que contratou para criar a capa do livro. "Acontece que o avô do designer do livro reviu o '1984' original e a sua irmã reviu esta versão", explicou ainda.
As cópias de Shrigley foram assinadas e numeradas pelo artista, com fragmentos dos romances originais ainda gravados no papel.
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