O bombardeamento de infraestruturas de telecomunicações em Gaza e o seu isolamento do mundo exterior, intensificado desde sexta-feira, "põe a população civil em grave perigo", alertou hoje, num comunicado, o alto comissário da ONU para os Refugiados, Volker Türk.
Para o Alto-Comissariado, citado pela agência Efe, o 'apagão' dificultará, entre outras coisas, a busca por vítimas entre os escombros, por parte das equipas de resgate.
Além disso, "os civis não podem receber informação atualizada sobre onde podem aceder a ajuda humanitária", nem de quais são os lugares mais e menos perigosos no território, explicou o alto comissário.
Os jornalistas no interior de Gaza também já não podem informar acerca da situação naquele território palestiniano, acrescentou Türk, antes de manifestar preocupação quanto aos trabalhadores do próprio Alto-Comissariado da ONU, com os quais já perdeu o contacto.
"Tinham sofrido dias e noites de incessantes bombardeamentos em Gaza, perderam famílias, amigos e lares", disse o responsável máximo da ONU para os refugiados.
No comunicado, Türk advertiu para as "catastróficas consequências" que podem ter as novas operações militares em grande escala sobre Gaza, "com o risco de que milhares de civis continuem a morrer".
"Peço a todas as partes, assim como a Estados terceiros com influência sobre os lados em conflito, que façam tudo o que esteja ao seu alcance para desescalar as hostilidades e trabalhar para que israelitas e palestinianos possam desfrutar dos direitos humanos e viver juntos uns dos outros em paz", concluiu.
O ministro da Defesa de Israel disse hoje que "o solo tremeu em Gaza" e que a guerra contra os líderes do enclave palestiniano, o grupo islamita Hamas, entrou numa nova etapa.
"Passamos para a próxima etapa da guerra", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, em declarações hoje divulgadas pelos meios de comunicação israelitas.
"Na noite passada [sexta-feira], o solo tremeu em Gaza. Atacamos acima do solo e no subsolo. (...) As instruções para as forças são claras. A campanha continuará até novo aviso."
As suas declarações marcam a aceleração gradual rumo a uma possível ofensiva terrestre total no norte de Gaza.
O grupo islamita palestiniano Hamas atacou Israel no dia 07 de outubro, provocando a morte de mais de 1.400 pessoas, além de 220 sequestradas. Israel respondeu com bombardeamentos e incursões terrestres na Faixa de Gaza, que é controlada pelo Hamas desde 2007.
Desde o início do conflito, foram contabilizados mais de 7.300 mortos e cerca de 19.000 feridos na Faixa de Gaza, a grande maioria civis, dos quais mais de 3.000 são crianças.
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