"Infelizmente, em vez de uma pausa, fui surpreendido por uma escalada sem precedentes dos bombardeamentos e dos seus efeitos devastadores, comprometendo os objetivos humanitários", disse hoje em Doha, no Qatar.
Esta foi a primeira reação do secretário-geral da ONU à noite de intensos bombardeamentos e da expansão das operações do exército israelita na Faixa de Gaza na sexta-feira.
"A situação deve ser invertida. Reitero o meu apelo pressionando a favor de um cessar-fogo humanitário imediato, da libertação incondicional dos reféns e da distribuição de ajuda humanitária", disse o responsável da ONU na capital do Qatar.
"Uma catástrofe humanitária desenrola-se diante dos nossos olhos", vincou.
O Qatar, que alberga um gabinete político do Hamas em Doha e forneceu milhões de dólares de ajuda financeira a Gaza, está ligado aos esforços de mediação, visando uma troca de prisioneiros entre o movimento islamista palestiniano que controla a Faixa de Gaza, e Israel.
Hoje, António Guterres encontrou-se em Doha com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, que "sublinhou a rejeição total do Estado do Qatar dos bombardeamentos indiscriminados da Faixa de Gaza e das tentativas de deslocação forçada da sua população".
O responsável do Qatar posicionou-se também contra "o perigo de uma escalada terrestre para a segurança dos civis e reféns em Gaza".
O ministro da Defesa de Israel disse hoje que "o solo tremeu em Gaza" e que a guerra contra os líderes do enclave palestiniano, o grupo islamita Hamas, entrou numa nova etapa.
"Passamos para a próxima etapa da guerra", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, em declarações hoje divulgadas pelos meios de comunicação israelitas.
"Na noite passada [sexta-feira], o solo tremeu em Gaza. Atacamos acima do solo e no subsolo. (...) As instruções para as forças são claras. A campanha continuará até novo aviso."
As suas declarações marcam a aceleração gradual rumo a uma possível ofensiva terrestre total no norte de Gaza.
O grupo islamita palestiniano Hamas atacou Israel no dia 07 de outubro, provocando a morte de mais de 1.400 pessoas, além de 220 sequestradas. Israel respondeu com bombardeamentos e incursões terrestres na Faixa de Gaza, que é controlada pelo Hamas desde 2007.
Desde o início do conflito, foram contabilizados mais de 7.300 mortos e cerca de 19.000 feridos na Faixa de Gaza, a grande maioria civis, dos quais mais de 3.000 são crianças.
[Notícia atualizada às 18h05]
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