O Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo, tem sido atormentado pela instabilidade crónica e pela violência político-étnica desde que se tornou independente do Sudão, em 2011.
Este país de cerca de 11 milhões de habitantes é também confrontado com fenómenos climáticos extremos, incluindo grandes inundações com efeitos potencialmente devastadores para milhões de pessoas.
"Estamos a assistir a um aumento extremamente preocupante da desnutrição" devido, nomeadamente, às inundações e à sobrelotação em certas zonas, declarou Mary-Ellen McGroarty, diretora do PAM no Sudão do Sul, através de um comunicado de imprensa.
E acrescentou: "As crianças pequenas são as que mais sofrem". "Prevê-se que mais de 1,6 milhões de crianças com menos de cinco anos sofram de subnutrição em 2024".
Em maio, a UNICEF estimava que a subnutrição ameaçaria 1,4 milhões de crianças até 2023.
A declaração refere-se, em particular, à situação no condado de Rubkona (norte), onde as águas das cheias submergiram vastas extensões de terra, forçando comunidades inteiras a viver em pequenas ilhas desde 2021. O custo dos produtos alimentares de base aumentou mais de 120% desde abril.
"Esta é a realidade da vida na linha da frente da crise climática", afirma Mary-Ellen McGroarty.
A crise foi agravada pelo afluxo de centenas de milhares de sul-sudaneses que fugiram da guerra no Sudão e se encontram numa situação de "emergência alimentar".
Iniciada em 15 de abril, a guerra entre o exército liderado pelo General Abdel Fattah al-Burhane e as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo já fez mais de 9.000 mortos, segundo uma estimativa considerada muito subestimada da organização não-governamental Armed Conflict Location & Event Data Project (Acled).
O Sudão do Sul, um dos países menos desenvolvidos do mundo, apesar dos seus recursos petrolíferos, viveu uma guerra civil entre 2013 e 2018, que causou a morte de quase 400.000 pessoas e provocou milhões de deslocados.
A ONU tem apontado regularmente o dedo aos dirigentes do Sudão do Sul pela sua responsabilidade na violência, na repressão das liberdades políticas e na corrupção.
O Sudão do Sul enfrenta uma "grave crise humanitária", segundo o Banco Mundial, que estimou em setembro que cerca de 9,4 milhões de pessoas - 76% da população - necessitariam de ajuda humanitária em 2023.
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