Kurti disse que o instituto vai "documentar os crimes de guerra para que seja divulgada de forma mais ampla a trágica história sofrida pelos albaneses às mãos da criminosa Sérvia".
A guerra entre a Sérvia e o Kosovo provocou mais de 10.000 mortos, a maioria albaneses kosovares, combatentes e civis. O conflito terminou após uma campanha de bombardeamentos da NATO contra a Sérvia, à revelia da ONU, e quem implicou a retirada das forças militares sérvias do território.
O Kosovo, uma província autónoma do sul da Sérvia, autoproclamou a independência em 2008, nunca reconhecida por Belgrado.
"As feridas permanecem frescas", argumentou Kurti, para acrescentar que mais de 1.600 corpos permanecem por detetar, responsabilizando a Sérvia pelo seu desaparecimento.
As tensões entre a Sérvia e o Kosovo permanecem muito elevadas 14 anos após o final da guerra, suscitando receios sobre o reacender do conflito e a abertura de uma nova frente de desestabilização na Europa enquanto prossegue a guerra na Ucrânia.
A normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo, mediadas pela União Europeia (UE), permanece num impasse, em particular após os confrontos em setembro entre uma milícia sérvia e a polícia kosovar que provocou quatro mortos e agravou as tensões na região.
Na sequência deste incidente, a Kfor, a força multinacional da NATO no Kosovo e presente no território desde 1999, reforçou a sua presença no terreno e possui atualmente cerca de 4.800 efetivos.
A UE e os Estados Unidos têm pressionado Belgrado e Pristina para a aplicação dos acordos que o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e Kurti terão aceitado em março passado.
A região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria (perto de 90%) de etnia albanesa e religião muçulmana.
O Kosovo independente -- que a Sérvia considera o berço da sua nacionalidade e religião -- foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.
Os dois países negoceiam a normalização das relações assente num novo plano da UE, apoiado pelos Estados Unidos, com o seu roteiro acordado por Belgrado e Pristina em março passado, mas que a permanência das tensões se arrisca a comprometer em definitivo, em particular as ambições sobre uma futura adesão à UE.
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