"As equipas de resgate não se podem deslocar e, por conseguinte, não podem chegar aos feridos", acrescentou o Crescente Vermelho, que gere o hospital.
"O Ahli já não pode efetuar operações cirúrgicas e tornou-se num simples posto de primeiros socorros", escreveu na rede social X o cirurgião Ghassan Abu Sitta, cirurgião britânico-palestiniano que operava hoje no hospital.
"Centenas de feridos estão agora no hospital sem poderem ser operados. Vão morrer devido aos seus ferimentos", acrescentou.
Sitta adiantou algumas horas antes que apenas os doentes em perigo de vida eram admitidos numa das duas salas de operação.
Dos 24 hospitais no Norte da Faixa de Gaza, o hospital Ahli Arab é o únito "atualmente operacional e a admitir pacientes", afirmou agência da ONU de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).
A OCHA referiu ainda que cinco hospitais estão a funcionar de forma muito "limitada", sem conseguirem admitir novos pacientes.
"Dezoito hospitais foram encerrados e evacuados desde o início dos ataques, incluindo Al Nars, Al Rantissi e Al Quds, nos último três dias", disse OCHA.
A 17 de outubro, ocorreu uma explosão no parque de estacionamento do hospital Ahli Arab, que resultou na morte de dezenas de pessoas.
O exército israelita e o Hamas negaram a responsabilidade pela explosão no hospital, o que provocou a condenação e vários protestos internacionais.
O Ministério da Saúde do Hamas denunciou ainda um ataque do exército israelita a várias alas e enfermarias do hospital Al Shifa, também na cidade de Gaza.
Os hospitais do território palestiniano estão todos a receber milhares de pessoas deslocadas que pretendiam abrigar-se dos bombardeamentos israelitas constantes, visto que, segundo o direito humanitário internacional, os edifícios deveriam estar protegidos.
O exército israelita alega que o Hamas, classificado como terrorista pelos Estados Unidos e União Europeia, utiliza estes estabelecimentos como bases e usa os doentes como "escudos humanos".
O Exército israelita confirmou hoje ter "revistado todos os andares, edifício a edifício" do hospital Al Shifa.
Na quarta-feira, as forças israelitas afirmaram ter encontrado nas instalações do hospital Al Shifa, o maior da Faixa de Gaza, um centro de comando operacional, armas e recursos tecnológicos, nas suas operações contra o movimento islamita palestiniano Hamas.
"Um centro de comando operacional, armas e recursos tecnológicos foram encontrados no edifício de ressonância magnética do Hospital Al Shifa, na cidade de Gaza", declara um comunicado as Forças de Defesa Israelitas (FDI), adicionando que as suas tropas continuam "a operação precisa e direcionada contra a organização terrorista Hamas" nesta unidade hospitalar.
As FDI descrevem que, quando os soldados entraram no complexo hospitalar, "enfrentaram vários terroristas e mataram-nos" e, em seguida, durante buscas num dos departamentos do hospital, "localizaram uma sala com bens tecnológicos, além de equipamentos militares e de combate" utilizados pelo Hamas.
A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada pelo ataque do movimento palestiniano de 07 de outubro em território israelita, o primeiro do género desde a criação do Estado judaico.
Do lado israelita, cerca de 1.200 pessoas foram mortas, sobretudo civis, massacrados nesse dia, e cerca de 240 pessoas foram feitas reféns, segundo as autoridades.
Em retaliação, Israel tem bombardeado implacavelmente a Faixa de Gaza, que se encontra sob um cerco total. Os bombardeamentos israelitas mataram mais de 11.500 pessoas, na sua maioria civis, incluindo 4.710 crianças, de acordo com o governo do Hamas.
[Notícia atualizada às 19h12]
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