"Notamos que esta onda de manifestações (...) resvalou para a violência, com destruição de património público e privado, mortes de concidadãos, ofensas corporais de diversa ordem e obstrução de estradas, além de ondas de saques, pilhagens e roubos. Este tipo de atos só contribui para que o país regrida e mais moçambicanos caminhem para o desemprego e miséria", lê-se num comunicado enviado à comunicação social.
Moçambique, sobretudo a cidade e província de Maputo, vivem o quinto dia de protestos que levaram ao caos nas ruas, com manifestantes a contestar os resultados eleitorais proclamados segunda-feira pelo Conselho Constitucional (CC), que deram vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, nas legislativas, e a Daniel Chapo, nas presidenciais.
A proclamação dos resultados levou a confrontações entre manifestantes e a polícia, com colocação de barricadas nas principais ruas, destruição de bens públicos e privados, entre outros.
Daniel Chapo pediu o fim da violência nas ruas, apelando à colaboração de todos na busca pela segurança nacional.
"Endereçamos os meus mais sentidos pêsames a todos aqueles que perderam os seus entes queridos devido a manifestações violentas. Esta perda irreparável não só abala as famílias das vítimas, mas também constitui uma verdadeira ameaça ao desenvolvimento do nosso país", lê-se no comunicado.
Para Daniel Chapo, citado no documento, "as pilhagens, vandalismo, destruição de bens públicos e privados (...) são um atentado à harmonia social, à dignidade e estão longe de ser uma solução para os problemas do país, que vão desde ataques terroristas, escassez de transporte público condigno, qualidade de ensino, serviços de saúde de melhor qualidade e, inclusive, o desemprego, cujas taxas poderão aumentar como resultado da previsível falência dalgumas das empresas".
Pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais desde 21 de outubro, metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, na segunda-feira, segundo novo balanço da plataforma eleitoral Decide.
Desde segunda-feira, aquela ONG contabilizou 224 pessoas baleadas, número que sobe para 569 desde o início da contestação, em 21 de outubro, além de 4.175 detidos.
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane - que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos - nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
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