Barcelona corta relações com Israel até haver um cessar-fogo definitivo
A câmara municipal de Barcelona decidiu na sexta-feira suspender relações com o Governo de Israel, garantindo que a decisão se manterá até que haja um cessar-fogo definitivo e que sejam respeitados os direitos dos palestinianos.
© Lusa
Mundo Israel/Palestina
A iniciativa partiu da coligação que dirige a autarquia, a BComú, com o apoio dos socialistas catalães do PSC e da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).
Durante a sessão plenária realizada na sexta-feira à noite, estes partidos instaram a câmara municipal de Barcelona a suspender as relações institucionais com o atual Governo de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, "até que haja um cessar-fogo definitivo e que sejam respeitados os direitos básicos do povo palestiniano".
A proposta contou com a oposição do partido JxCat (Juntos pela Catalunha, fundado em 2020 pelo independentista Carles Puigdemont), do Partido Popular e do radical de direita Vox.
A Comunidade Israelita de Barcelona (CIB), a instituição judaica mais icónica da cidade, admitiu, logo a seguir, que os seus membros "ficaram desconcertados com as decisões tomadas pela autarquia depois do ataque terrorista do Hamas", em 07 de outubro.
"Não entendemos como a câmara municipal pode apoiar" esta proposta, referiu a CIB numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), em que recorda também a violência dos ataques do Hamas, que fizeram 1.200 vítimas.
A CIB adiantou ainda ter "gratidão por aqueles que defendem a paz e a vida, opondo-se corajosamente ao terrorismo e às declarações supérfluas" num "dia tão esperançoso na guerra" pelo cessar-fogo temporário para fornecer ajuda à Faixa de Gaza.
O primeiro de quatro dias de tréguas na guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas cumpriu-se na sexta-feira, tendo servido para uma troca de reféns israelitas que estavam em Gaza e prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
As relações entre Espanha e Israel já se tinham tornado hoje tensas, depois de o primeiro-ministro, Pedro Sanchéz, ter admitido a possibilidade de Espanha reconhecer o Estado palestiniano unilateralmente, à margem da União Europeia e de outros Estados-membros do bloco comunitário.
A posição do primeiro-ministro espanhol levou o Governo de Israel a chamar o embaixador de Espanha para lhe dizer que considerou as declarações de Sanchéz como um "apoio ao terrorismo".
A acusação foi rejeitada "categoricamente" pelo ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, que adiantou que o Governo estava a analisar "uma resposta adequada".
Pouco depois, o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol convocou a embaixadora israelita em Espanha, não sendo ainda conhecido todo o teor da reunião.
Albares tinha dito anteriormente que as acusações de Israel foram "especialmente graves" por terem sido dirigidas contra o líder do país que atualmente preside ao Conselho da União Europeia e lembrou que Sanchez "não hesitou em condenar o ataque terrorista do Hamas de 07 de outubro e deixar bem claro que não representa o povo palestiniano e é apenas uma organização terrorista".
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