O TPI, que não confirmou o agendamento de qualquer encontro de Khan com as autoridades políticas israelitas, esclareceu nas redes sociais que a viagem não tem como objetivo avançar com investigação alguma, apenas "representando uma oportunidade importante para expressar apoio a todas as vítimas e iniciar um diálogo".
O procurador tem igualmente prevista uma deslocação à Cisjordânia, onde se avistará com altos responsáveis palestinianos.
Em março de 2021, a procuradoria do tribunal de Haia já pôs em marcha uma investigação sobre diversos acontecimentos ocorridos desde junho de 2014 nos territórios palestinianos e que poderão constituir crimes de guerra. O mandato não tem prazo, pelo que também se aplicará ao atual contexto bélico.
"Temos jurisdição sobre qualquer crime previsto no Estatuto de Roma, como o genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, cometidos por palestinianos em Israel, e também temos jurisdição sobre qualquer crime cometido pelas forças de Israel na Palestina", explicou o próprio Khan, numa entrevista recente à televisão pública britânica BBC.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 55.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 15.000 mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 240 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.
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