Wood acabou assim como as expectativas em torno da possível aprovação de uma resolução que irá hoje a votos no Conselho de Segurança e que pede um cessar-fogo humanitário imediato, uma vez que os Estados Unidos são um dos cinco membro permanentes do órgão e, por isso, têm poder de veto.
A resolução foi apresentada pelos Emirados Árabes Unidos e tem recebido o apoio de todos os países árabes e islâmicos, além da Rússia e da China.
"Não apoiamos o apelo a um cessar-fogo imediato. Isso apenas lançaria as sementes de outra guerra, porque o Hamas não quer uma paz duradoura, nem uma solução de dois Estados", disse Wood numa reunião do Conselho de Segurança convocada precisamente na sequência de um apelo inédito de Guterres a um cessar-fogo.
Wood indicou, repetindo as teses israelitas, que "se Israel depusesse hoje as suas armas, como alguns Estados-Membros pedem, o Hamas continuaria a reter os seus reféns, mulheres e crianças, velhos e jovens, muitos deles sujeitos a tratamentos desumanos e cruéis".
Antes do início da reunião, cerca de uma dezena de manifestantes, erguendo a bandeira da Palestina, gritavam na entrada da ONU, em Nova Iorque, por uma maior ação do Conselho de Segurança em prol de um cessar-fogo.
"Usem a vossa influência, travem esta matança", dizia uma das manifestantes.
Pouco antes de Wood falar, o embaixador israelita junto à ONU, Gilad Erdan, já se tinha oposto radicalmente a uma trégua e disse que "o verdadeiro caminho para a paz é apoiar a missão de Israel e não pedir de todo um cessar-fogo".
O embaixador, que se destacou nas últimas semanas pelos seus discursos agressivos contra diferentes órgãos da ONU, afirmou que "um cessar-fogo significa cimentar o controlo que o Hamas tem em Gaza".
"Além disso, pedir um cessar-fogo envia uma mensagem clara de que as suas atrocidades deliberadas estão perdoadas e que a opressão dos habitantes de Gaza pelo Hamas tem luz verde da comunidade internacional", argumentou.
Erdan insistiu em culpar o Hamas por tudo o que acontece em Gaza e garantiu hoje que os seus militantes monopolizaram a escassa ajuda humanitária que entra na Faixa e que até dispararam contra civis que tentam aceder a essa ajuda.
O embaixador chegou ao ponto de assegurar, ao contrário do que afirmam todas as agências humanitárias, que "de facto, Israel aceita toda a ajuda humanitária a Gaza, de qualquer país que a pretenda prestar", mas que esta assistência não chega aos seus verdadeiros destinatários.
A mensagem de Erdan foi dirigida aos 15 membros do Conselho horas antes de votarem uma nova resolução, apresentada pelos Emirados Árabes Unidos, que apela a um cessar-fogo incondicional, embora o embaixador francês na ONU, Nicolas de la Rivière, tenha advertido que não lhe parecia realista que esse texto pudesse ser aprovado hoje e as palavras de Wood sugerem que tal votação está fadada ao fracasso.
Os Estados Unidos têm-se mostrado críticos do seu aliado Israel pelo facto de os ataques em Gaza não terem em conta a proteção dos civis, mas sem apelarem a um cessar-fogo.
Nos dois meses de guerra, o Conselho de Segurança votou diversas outras resoluções para apelar ao fim da guerra, com vetos trocados pelos Estados Unidos e pela Rússia, e só no dia 15 de novembro conseguiu chegar a acordo sobre um apelo a "pausas humanitárias".
Contudo, a única trégua declarada nestes dois meses - que durou sete dias - não foi fruto dessa resolução, mas sim de negociações indiretas entre Israel e o Hamas -- mediadas pelo Qatar e pelos Estados Unidos -- para troca de reféns nas mãos do grupo islamita por prisioneiros palestinianos em prisões israelitas.
[Notícia atualizada às 17h35]
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