Numa conferência de imprensa na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Daniels defendeu que o Dia Internacional dos Migrantes, comemorado em 18 de dezembro, é uma oportunidade para a imprensa, juntamente com a comunidade internacional trabalharem em conjunto para evitar "perpetuar estereótipos sobre os migrantes e reforçar preconceitos negativos ou conceitos errados".
Abordando os principais desafios que os migrante enfrentam, a funcionária da OIM referiu a crise climática, que poderá expor até três mil milhões de pessoas expostas a ondas de calor extremas até 2090, num cenário de aquecimento global elevado.
"E sabemos que neste momento metade da população mundial vive em locais altamente vulneráveis. (...) precisamos de pensar a longo prazo e desenvolver soluções que garantam que as pessoas tenham opções seguras e dignas. Daqui a algumas décadas, e para atingir esse objetivo, temos que começar a trabalhar agora. Precisamos de agir hoje para proteger as pessoas amanhã.", acrescentou.
Daniels instou a comunidade internacional a trabalhar numa ligação mais forte entre a adaptação climática e a mobilidade humana, salientando que ação climática em zonas afetadas por deslocações, conflitos e alterações climáticas significará menos emergências humanitárias no futuro.
Nesse sentido, a OIM a facilitação de caminhos de migração para os mais afetados pela crise climática.
"E devemos lembrar que a migração é também uma história de esperança. Estou aqui sentada diante de vocês como diretora-geral adjunta de Operações da OIM, mas deixei meu país em resposta a uma guerra civil brutal. Portanto, represento plenamente o que pode ser um resultado muito positivo de uma jornada migratória. E há histórias de grandes conquistas. E estamos aqui na cidade e num país construído com base no sucesso e nos sacrifícios dos migrantes ao longo da sua história", realçou Ugochi Daniels, cujo país de origem é a Nigéria.
Os apelos de Ugochi Daniels surgem no mesmo dia em que o II Fórum Global de Refugiados, hoje concluído em Genebra, Suíça, recolheu cerca de 2 mil milhões de euros em compromissos financeiros, entre outras promessas, como a dos Estados de reinstalarem um milhão de refugiados até 2030.
No final dos três dias de trabalhos deste fórum, celebrado sob a égide das Nações Unidas, foram anunciados compromissos financeiros num total de mais de 2,2 mil milhões de dólares (2,01 mil milhões de euros, ao câmbio atual) por parte dos Governos, setor privado, filantropos e fundações, entre outros, num total de mais de 1.600 contribuições, de diversas naturezas, anunciou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
As contribuições para o Fórum Global de Refugiados podem assumir muitas formas, desde assistência financeira, material ou técnica, incluindo locais para reinstalação e outras vias de admissão em países terceiros, permitindo que países com melhores recursos partilhem a responsabilidade pelos refugiados, até medidas para apoiar as comunidades de acolhimento, prevenir conflitos e construir a paz.
O Fórum Global de Refugiados foi concebido para apoiar a implementação prática dos objetivos estabelecidos no Pacto Global para os Refugiados, um quadro para uma partilha de responsabilidades mais previsível e equitativa entre os Estados, adotado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em dezembro de 2018, devendo a próxima edição realizar-se em 2027.
A ONU estima que haja atualmente à escala mundial 114 milhões de pessoas deslocadas à força, incluindo 36 milhões de refugiados.
Leia Também: Agência encurtou tempo de espera de decisão dos pedidos nas fronteiras