A Ucrânia aceitou os termos do acordo de minerais proposto pelos Estados Unidos, avançou o Financial Times, esta terça-feira.
Os oficiais ucranianos esperam que o acordo melhore as relações com a administração de Donald Trump e que dê azo a um compromisso de segurança a longo prazo por parte dos Estados Unidos, de acordo com aquele meio.
O acordo, que inclui petróleo e gás, foi alcançado depois de Washington ter retirado a exigência de um direito a 500 mil milhões de dólares (cerca de 475.861.905.000 euros) em potenciais lucros provenientes da exploração dos recursos.
"O acordo sobre os minerais é apenas uma parte do cenário. Ouvimos várias vezes a administração dos EUA dizer que faz parte de um quadro mais amplo", apontou a vice-primeira-ministra e ministra da Justiça da Ucrânia, Olha Stefanishyna, que liderou as negociações.
A versão final do acordo, datada de 24 de fevereiro, prevê a criação de um fundo para projetos na Ucrânia e para o qual o país contribuirá com 50% dos lucros provenientes da "futura monetização" dos recursos minerais estatais, incluindo petróleo e gás, e da logística associada, revelou o Financial Times.
Ainda assim, o acordo exclui os recursos minerais que já contribuem para os cofres do governo ucraniano, pelo que não se aplica às empresas Naftogaz ou Ukrnafta, as maiores produtoras de gás e petróleo da Ucrânia.
Noutra dimensão, o documento omite qualquer referência às garantias de segurança sob as quais Kyiv tinha insistido, além de deixar em aberto a dimensão da participação dos Estados Unidos no fundo e os termos dos acordos de "propriedade conjunta".
O acordo foi aprovado pelos ministros da Justiça, da Economia e dos Negócios Estrangeiros, sendo que o presidente Volodymyr Zelensky deverá deslocar-se à Casa Branca nas próximas semanas para o assinar formalmente.
Os responsáveis do lado ucraniano salientaram, contudo, que o documento se tratava apenas de um "acordo quadro", pelo que nada mudará de mãos até que o fundo seja criado.
Além disso, o governo terá também de obter a aprovação por parte do parlamento ucraniano, tendo os deputados da oposição sugerido que realizarão um debate aceso antes de ratificar o acordo.
Na segunda-feira, o governo da Ucrânia indicou estar na "fase final" das negociações com os Estados Unidos, que disse terem "sido muito construtivas, com quase todos os pormenores fundamentais concluídos".
É que, recorde-se, depois de Trump se ter alinhado com a posição russa - que considera a Ucrânia responsável pela eclosão do conflito, embora tenha sido a Rússia a invadir o país vizinho, a 24 de fevereiro de 2022 - e de ter iniciado conversações com Moscovo sem as participações ucraniana ou europeia, tem insistido na intenção de recuperar o montante da ajuda desde então fornecida a Kyiv, obtendo acesso aos recursos minerais ucranianos. Mencionou, por isso, a quantia de 500 mil milhões de dólares, um número rejeitado por Kyiv.
Zelensky declarou no domingo que a ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia ascende a cerca de 100 mil milhões de dólares (95,5 mil milhões de euros), e não 500 mil milhões (477,5 mil milhões de euros), tendo sido principalmente fornecida sob a forma de doações pelo anterior governo norte-americano, liderado por Joe Biden.
O chefe de Estado excluiu também a hipótese de assinar um documento que "dez gerações de ucranianos" teriam de pagar.
[Notícia atualizada às 19h37]
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