Esta semana, a UE viu ser desbloqueado um impasse que se antevia difícil, com a aprovação do início das negociações formais para a adesão da Ucrânia e Moldova, que a Hungria prometia vetar por considerar que Kiev não cumpria os requisitos necessários.
Durante o Conselho Europeu, nesta quinta-feira, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, ausentou-se da sala durante a votação, viabilizando assim o acordo, que teve a unanimidade dos restantes 26 Estados-membros do bloco.
Além do início do processo para a Ucrânia e Moldova, a UE aceitou também o estatuto de candidato da Geórgia e decidiu que abrirá negociações com a Bósnia-Herzegovina assim que for atingido o grau necessário de cumprimento dos critérios de adesão, o que será analisado em março.
Outros países com processos mais avançados de adesão são a Sérvia, Macedónia do Norte, Albânia e Montenegro. O Kosovo -- antiga província sérvia cuja autonomia não é reconhecida por cinco Estados-membros -- apresentou a sua candidatura à adesão em dezembro de 2022.
Este alargamento a leste vai obrigar as instituições europeias a tomar decisões sobre o impacto financeiro -- pode significar, por exemplo, menos fundos para Portugal -, e vai afetar o processo de decisão. O Governo português já defendeu que os 27 devem refletir sobre "o que deve mudar para que se possa funcionar eficazmente com mais Estados-membros e mais diversos entre si".
Por outro lado, a tendência de viragem à direita poderá ser confirmada nas próximas eleições: Itália, um país fundador da comunidade, é liderado por um Governo de coligação de direita e extrema-direita chefiado por Giorgia Meloni, enquanto noutro fundador, os Países Baixos, o líder da extrema-direita, Geert Wilders, venceu, num resultado inesperado, as eleições legislativas em novembro, mas sem maioria.
Noutros países fundadores, como Alemanha e França, a extrema-direita também está a subir nas sondagens.
Na Eslováquia, o nacionalista pró-russo Robert Giro regressou ao poder com a promessa de deixar de apoiar o esforço de guerra da Ucrânia contra a invasão russa. Na Suécia e na Finlândia, partidos eurocéticos e populistas integram Governos de centro-direita.
Em sentido contrário, as recentes eleições na Polónia levaram ao poder o antigo presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, à frente de uma 'geringonça' pós-eleitoral, pondo fim a oito anos do Governo conservador de Mateusz Morawiecki.
Uma projeção publicada no final de novembro pela Europe Elects, organismo que analisa dados eleitorais, demonstrou que o partido político europeu Identidade e Democracia (ID, que integra partidos de extrema-direita) registaria um recorde histórico no Parlamento Europeu, alcançando 87 lugares (mais 14), se as eleições europeias decorressem agora.
O grupo dos Conservadores e Reformistas teria a maior subida (22 lugares), enquanto os dois maiores blocos - Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita, que agrega PSD e CDS-PP) e Socialistas e Democratas (S&D, que integra o PS) -- perderiam, respetivamente, sete e 13 lugares. O Renovar a Europa (de que faz parte a Iniciativa Liberal) baixaria dos 108 para 89 eurodeputados.
Mesmo assim, PPE, Socialistas e Renovar manteriam "uma maioria absoluta confortável", enquanto os Verdes registariam a maior queda (menos 22 eurodeputados) e a Esquerda (Bloco de Esquerda e PCP) teria menos três que na atual legislatura.
O tema das migrações também deverá marcar o tom dos debates até às eleições, quando Itália e Alemanha, a par dos países nórdicos, endurecem as medidas contra migrantes, refugiados e requerentes de asilo.
O Governo de Meloni foi mesmo mais longe ao assinar um polémico acordo migratório com a Albânia que prevê o envio anual de até 36 mil migrantes para dois centros geridos pelos italianos no país balcânico. No entanto, na passada quarta-feira, o Tribunal Constitucional da Albânia suspendeu a ratificação pelo parlamento deste acordo migratório.
As eleições para escolher os 705 deputados decorrem entre 06 e 10 de junho nos 27 Estados-membros, estando marcadas para dia 09 em Portugal, que elege 21 eurodeputados.
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