O espião chinês, Daniel Woo, membro da agência de espionagem do Ministério da Segurança do Estado da China (MSS), manipulou o político belga de extrema-direita como um ativo dos serviços secretos durante mais de três anos, adiantou a publicação.
A relação entre o agente e o ex-senador está documentada em mensagens de texto, desde 2019 até finais de 2022, obtidas a partir de uma fonte de segurança ocidental numa investigação conjunta do Financial Times, Der Spiegel e Le Monde.
Numa troca de mensagens em 2021, Woo incumbiu Creyelman de "atacar Adrian Zenz", um investigador que contribuiu para a descoberta dos campos de detenção de centenas de milhares de pessoas da minoria uigur, maioritariamente muçulmana, na região ocidental de Xinjiang, na China.
Durante a visita do chanceler alemão, Olaf Scholz, à China no final de 2022, Woo pediu a Creyelman para convencer dois deputados de direita do Parlamento Europeu a afirmar publicamente que os EUA e o Reino Unido estavam a comprometer a segurança energética europeia.
"O nosso objetivo é dividir a relação entre os EUA e a Europa", escreveu Woo numa mensagem a Creyelman.
O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, considerou o episódio "muito problemático", durante a chegada à cimeira dos líderes europeus em Bruxelas, na sexta-feira.
"Significa que algumas pessoas estão a sabotar a nossa prosperidade, a nossa segurança e a nossa democracia a partir de dentro, a partir de um partido que tem assento no parlamento do nosso país, no Senado. Um senador do Vlaams Belang na primeira página do Financial Times, o mundo inteiro viu-o", acrescentou.
Tanto Frank Creyelmen, que, até sexta-feira, era o líder do partido Vlaams Belang na sua cidade natal, Mechelen, como o espião chinês, Daniel Woo, permanecem incontactáveis sobre o caso.
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