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Confrontos regressaram ao leste da RDCongo após eleições

Os confrontos voltaram ao leste da República Democrática do Congo (RDCongo), após dez dias de acalmia, coincidindo com o início do apuramento do resultado das eleições gerais, incluindo presidenciais, iniciadas na quarta-feira, segundo testemunhas citadas pela AFP.

Confrontos regressaram ao leste da RDCongo após eleições
Notícias ao Minuto

18:21 - 22/12/23 por Lusa

Mundo RDCongo

"Desde as 06h00 locais (04h00 em Lisboa) que se registam combates intensos" em Kibarizo, cerca de 50 quilómetros a noroeste de Goma, a capital da província do Kivu do Norte, segundo os habitantes locais.

Um ativista da sociedade civil disse à EFE que pelo menos 16 pessoas foram mortas entre quinta-feira e hoje em dois ataques das Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), um movimento com ligações ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).

As ADF são um grupo rebelde de origem ugandesa, mas está atualmente baseado nas províncias democrático-congolesas de Kivu do Norte e da vizinha Ituri.

Os seus objetivos não são claros, para além de uma possível ligação ao EI, que por vezes reivindica a responsabilidade pelos seus ataques.

Embora os peritos do Conselho de Segurança da ONU não tenham encontrado provas de apoio direto do EI às ADF, os Estados Unidos identificaram as ADF desde março de 2021 como uma "organização terrorista" ligada àquele grupo fundamentalista.

As ADF mantêm as suas bases no leste da RDCongo e as autoridades do vizinho Uganda também acusam o movimento de organizar ataques no seu território.

Para pôr fim às ADF, os exércitos da RDCongo e do Uganda iniciaram, em novembro de 2021, uma operação militar conjunta em solo democrático-congolês, que ainda está em curso, mas os ataques dos rebeldes não cessaram.

Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão da ONU no país (Monusco).

Após as eleições, "a situação está a piorar", afirma Télésphore Mithondeke, relator da sociedade civil para o território de Masisi, onde os combates estão a decorrer.

Segundo ele, na quinta-feira à noite, outra organização armada rebelde, o Movimento 23 de Março (M23), tinha "recapturado" várias cidades, incluindo algumas a apenas 30 quilómetros a oeste de Goma.

O recomeço dos combates coincide ainda com a saída do país dos últimos efetivos da Força da África Oriental (EAC-RF, na sigla em inglês), depois de Kinshasa ter recusado renovar o seu mandato, considerando-o ineficaz.

Na terça-feira, véspera das eleições, o Conselho de Segurança da ONU apelou à retirada rápida e "gradual" das forças de manutenção da paz do país a partir do final de 2023, tal como exigido por Kinshasa.

A resolução foi adotada por unanimidade pelos 15 membros do Conselho, apesar da sua "preocupação com a escalada da violência" no leste e das "tensões entre o Ruanda e a RDCongo".

Kinshasa acusa Kigali de colaborar com o M23, o que tem sido reiteradamente rejeitado pelo Ruanda, embora peritos da ONU tenham comprovado essa ligação.

Leia Também: Oposição na RDCongo denunciam "caos" e "irregularidades" nas eleições

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