Representantes palestiniano e israelita trocam duras acusações na ONU
Palestina e Israel trocaram hoje duras acusações na ONU sobre a morte de civis de ambos os lados no conflito iniciado em 7 de outubro e as Nações Unidas alertaram para um elevado alto risco de propagação na região.
© Michael M. Santiago/Getty Images
Mundo ONU
O Conselho de Segurança convocou hoje uma reunião de emergência, após quase 190 palestinianos terem morrido no último dia na Faixa de Gaza devido aos constantes bombardeamentos israelitas.
Primeiro, o observador permanente adjunto da Palestina na ONU, Majed Bamya, defendeu que as mortes de civis palestinianos "não são um efeito colateral da guerra", mas parte de uma agressão "com objetivos criminosos" de Israel.
"A catástrofe humanitária não é a consequência de uma guerra, é uma ferramenta usada por Israel para pressionar as pessoas e forçá-la a deslocarem-se", acusou o representante palestiniano, que lamentou que o Conselho de Segurança não tenha impedido os ataques.
O embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, questionou por seu lado se "esta violência acontece por magia", afirmando que "terroristas genocidas procuram assassinar cidadãos israelitas todos os dias" e garantiu que a situação no norte de Israel aproxima-se de um "ponto de não retorno".
"Todos os dias há israelitas inocentes sob ataque e se estes ataques persistirem, Israel garantirá que estes atos terroristas parem", disse Erdan, que avisou que "a situação irá agravar-se e poderá levar a uma guerra total".
Khaled Khiari, secretário-geral adjunto da ONU para o Médio Oriente, alertou que o risco de propagação do conflito a nível regional continua elevado "devido à multiplicidade de intervenientes envolvidos" e destacou a troca diária de tiros na Linha Azul, a fronteira entre Israel e o Líbano.
Da mesma forma, referiu que nas últimas semanas ocorreu a "mais intensa operação israelita na Cisjordânia ocupada desde a Segunda Intifada".
Khiari acrescentou que há relatos diários de ataques a bases dos Estados Unidos no Iraque e na Síria, aos quais as forças norte-americanas responderam contra "grupos suspeitos destas ações" e "bombardeamentos israelitas dentro da Síria".
A isto acrescenta-se, prosseguiu, a ameaça dos rebeldes iemenitas Huthi às rotas do Mar Vermelho, que poderá afetar milhões de pessoas especificamente no Iémen e na região, e ter ramificações globais se ameaçar o comércio internacional.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, emitiu uma breve declaração durante a reunião, na qual expressou preocupação com uma nova repercussão do conflito, "que poderia ter consequências devastadoras para toda a região".
Guterres, que falou através de um porta-voz, observou o "risco de escalada e erro de cálculo" que poderia ampliar uma "conflagração regional", e também considerou a recente violência na Cisjordânia ocupada "extremamente alarmante".
As forças israelitas desencadearam uma vasta operação militar no território palestiniano após um ataque do movimento islamita Hamas no sul de Israel em 07 de outubro, que deixou cerca de 1.200 mortos e em que mais de 200 pessoas levadas como reféns para a Faixa de Gaza.
A ofensiva israelita já matou mais de 21.500 palestinianos, na sua maioria mulheres e crianças, segundo as autoridades do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e cerca de 1,9 milhões de deslocados, de acordo com a ONU.
Os responsáveis israelitas têm rejeitado os apelos internacionais para um cessar-fogo, afirmando que tal equivaleria a uma vitória do Hamas, movimento considerado terrorista pelos países ocidentais e que Israel prometeu desmantelar.
O exército israelita confirmou que 168 militares foram mortos desde o início da ofensiva terrestre.
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