Anders Breivik, o extremista de direita que matou 77 pessoas na Noruega em 2011 e agora está a processar, pela segunda vez, o Estado norueguês por alegada violação de direitos humanos vive "isolado há cerca de 12 anos" e está "numa depressão profunda".
O homem compareceu esta segunda-feira num tribunal instalado na prisão de Ringerike, onde se encontra detido, a cerca de 70 quilómetros de Oslo, alegando que o confinamento na solitária desde que foi preso em 2012 constitui um tratamento desumano ao abrigo da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
Segundo imagens disponibilizadas pela agência de notícias Reuters, Anders Breivik, de 44 anos, surgiu com um fato preto, uma camisa branca e uma gravata castanha. Na entrada para a audiência, não disse nada nem fez qualquer gesto.
O seu advogado, Oeystein Storrvik, afirmou que Anders Breivik "está isolado há cerca de 12 anos" e "vive num mundo completamente fechado". "Ele está numa depressão profunda. Não quer viver mais", acrescentou.
"Durante períodos alternativos, é mais ou menos suicidário", acrescentou o causídico, citando em particular um episódio em que o seu cliente - agora dependente de Prozac, segundo ele - terá verbalizado "Mata-me! Por favor, mata-me".
Segundo a Reuters, o detido afirmou, perante a comunicação social, que tinha sido instruído pelo diretor da prisão para não falar com jornalistas. "Não é porque não queira, é porque não posso", disse.
Breivik está detido num complexo de dois andares com cozinha, sala de jantar, sala de televisão com Xbox, vários cadeirões e fotografias a preto e branco da Torre Eiffel na parede. Tem também uma sala de 'fitness' com pesos, passadeira e uma máquina de remo, enquanto três periquitos voam pelo complexo.
No entanto, o advogado Oystein Storrvik diz que é impossível para Breivik, que agora dá pelo nome de Fjotolf Hansen, ter qualquer relação significativa com alguém do mundo exterior. O advogado alega também que impedir o cliente de enviar cartas é outra violação dos direitos humanos.
Um pedido semelhante, apresentado em 2016, foi aceite, mas posteriormente anulado por um tribunal superior e depois rejeitado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Breivik pediu liberdade condicional em 2022, mas foi considerado como não tendo mostrado sinais de reabilitação.
Em 22 de julho de 2011, Breivik matou oito pessoas num atentado à bomba em Oslo e em seguida, dirigiu-se para um acampamento de jovens de um grupo político de centro-esquerda em Utoya, onde, vestido de polícia, perseguiu e matou a tiro 69 pessoas, na maioria adolescentes.
No ano seguinte Breivik foi condenado à pena máxima de 21 anos, com uma cláusula - raramente utilizada no sistema judicial norueguês - que permite que fique detido indefinidamente se continuar a ser considerado um perigo para a sociedade.
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