Zelensky diz que "conflito congelado" beneficiaria Rússia

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou hoje que um "conflito congelado" permitiria à Rússia recrutar uma nova geração de jovens russos que vão servir de "carne para canhão" quando os combates fossem reiniciados.

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© Andrew Kravchenko/Bloomberg via Getty Images

Lusa
11/01/2024 20:30 ‧ 11/01/2024 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

Em conferência de imprensa conjunta na Letónia com o seu homólogo letão Edgars Rinkevics, frisou ainda que as guerras terminam, enquanto "os conflitos congelados não têm fim".

Uma situação na qual uma paralisia na guerra, sem resolução, permitiria à Rússia alimentar a sua população com "narrativas e desinformação" que justificariam o reinício dos combates mais adiante.

"Temos de evitar que a Rússia volte a ser poderosa, assegurou Zelensky em Riga, a última etapa de um périplo pelos Estados do Báltico, iniciado quarta-feira na Lituânia e que prosseguiu esta manhã na Estónia.

Por sua vez, o Presidente letão anunciou um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, que inclui obuses, helicópteros, armas antitanque e de defesa aérea, para além de munições de 155 milímetros, entre outras.

A deslocação de Zelensky aos Estados do Báltico decorre num momento em que Moscovo e Kyiv se acusam mutuamente de atingir deliberadamente civis nos seus ataques com mísseis, num contexto de escalada dos ataques.

Rinkevics não mencionou uma soma específica para o pacote de ajuda financeira a Kyiv, mas afirmou que até ao momento a Letónia entregou à Ucrânia o equivalente a 600 milhões de euros, cerca de 1% do Produto interno bruto (PIB) do país.

Zelensky agradeceu a ajuda e saudou a decisão do Parlamento letão de nacionalizar um centro cultural russo em Riga, que considerou correta e inserida na perspetiva de confiscar propriedades russas em território da União Europeia.

Previamente, e no decurso da deslocação a Talin, capital da Estónia, Zelensky considerou que uma "pausa" na defesa da Ucrânia contra a invasão russa permitira "esmagar" o país, no segundo dia do seu périplo pelos Estados do Báltico.

"Deem à Rússia dois ou três anos e ela esmagar-nos-á. Não tomaremos esse risco (...). Não haverá uma pausa a favor da Rússia", declarou em resposta a uma questão durante uma conferência de imprensa com o seu homólogo estónio Alar Karis.

"Uma pausa no campo de batalha, no território da Ucrânia, não é uma pausa na guerra. Isso não significa o fim da guerra. E nem conduzirá a um dialogo político com a Federação da Rússia ou com qualquer outro", insistiu.

A passagem por Talin, segunda etapa de uma deslocação aos três Estados do Báltico, também ex-repúblicas soviéticas e fiéis aliados da Ucrânia, decorreu no âmbito dos esforços destinados a reforçar o apoio a Kyiv quando se aproxima o segundo ano do início da guerra.

Zelensky também sublinhou a importância da ajuda internacional ao país, e lamentou o bloqueio pela Hungria de uma ajuda europeia de 50 mil milhões de euros.

"Existe um atraso e o bloqueio de um importante pacote financeiro sem o qual é impossível sobreviver. Digamos que é difícil", declarou numa conferência de imprensa conjunta, desta vez acompanhado pela primeira-ministra estónia Kaja Kallas.

Em resposta, Kallas assegurou o apoio da Estónia à Ucrânia "até à vitória" e sublinhou que "a liberdade deverá ser a melhor arma contra a tirania".

Reiterou ainda a promessa do seu Governo de consagrar 0,25% do PIB do país em ajuda militar à Ucrânia no decurso dos próximos quatro anos.

"Esperamos que sirva de exemplo a todos os outros", acrescentou Kallas.

O Presidente ucraniano também repetiu que a adesão à NATO constitui a melhor garantia de segurança para o seu país e para a região.

A NATO garantiria desse forma "um Exército dotado de experiência militar, não teórica mas prática", acrescentou.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, desencadeada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kyiv e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

Leia Também: Há resposta "nuclear" se Ucrânia atingir locais de lançamento de mísseis

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