"No que diz respeito à presença de um quartel-general da Mossad [serviços secretos] israelita, inspecionámos o local e visitámos todos os cantos da casa. Tudo indica que se trata da casa da família de um empresário iraquiano", disse Qassem al-Aaraji ao canal local K24 durante uma visita ao Curdistão iraquiano.
"Estas alegações são falsas e incorretas", sublinhou al-Aaraji, encarregado pelo governo iraquiano de investigar os lançamentos de mísseis iranianos.
Segunda-feira à noite, a agência noticiosa oficial iraniana Irna anunciou que os Guardas da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica, tinham efetuado um ataque nos arredores de Erbil, a capital do Curdistão.
Segundo a Irna, os mísseis destruíram "um quartel-general" a partir do qual os serviços secretos israelitas teriam operado. Israel ainda não reagiu às acusações.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque convocou hoje o embaixador em Teerão, Nassir Abdel Mohsen, "para consultas", após os ataques com mísseis realizados pela Guarda Revolucionária iraniana contra a região autónoma do Curdistão iraquiano.
O embaixador iraquiano foi "convocado para consultas no contexto dos últimos ataques iranianos a Erbil, que deixaram mártires e feridos", lê-se num comunicado da diplomacia iraquiana em Bagdade, um grande aliado político e parceiro económico estratégico do Irão.
O Ministério iraquiano também convocou hoje o encarregado de negócios iraniano em Bagdade para lhe entregar uma "carta de protesto" na sequência dos ataques com mísseis dos Guardas da Revolução no Curdistão autónomo.
Na carta entregue ao encarregado de negócios, Abol Fadl Azizi, o Iraque "condena a agressão levada a cabo contra vários setores de Erbil, que resultou em vítimas civis", segundo um comunicado diplomata iraquiano.
"A agressão é uma violação flagrante da soberania iraquiana, que viola (...) o direito internacional e ameaça a segurança da região", disse a mesma fonte.
Anteriormente, o Governo do Iraque condenou os disparos de mísseis, realizados por Teerão no Curdistão autónomo no norte do país, uma ação que considerou uma "agressão visando a soberania do Iraque e a segurança da população".
As autoridades iraquianas "vão tomar todas as medidas legais" necessárias, incluindo "uma queixa junto do Conselho de Segurança" da ONU, na sequência destes ataques, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque, no primeiro comunicado.
A diplomacia iraquiana anunciou também a formação de uma comissão de inquérito para provar "à opinião pública iraquiana e internacional a falsidade das alegações dos responsáveis por estes atos condenáveis".
Na segunda-feira, o Irão lançou ataques contra alvos ligados ao grupo Estado Islâmico [EI] e "espiões do regime sionista [Israel]" na Síria e no Iraque, onde atingiu uma área perto do consulado dos Estados Unidos, no Curdistão iraquiano.
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