A Somália qualificou recentemente de "agressão" a assinatura, em 01 de janeiro, de um "memorando de entendimento" marítimo nos termos do qual a Somalilândia - uma região somali cuja independência autoproclamada desde 1991 não é reconhecida pela comunidade internacional - cede 20 quilómetros da sua costa à Etiópia por um período de 50 anos.
Num comunicado de imprensa, o Conselho de Paz e Segurança (CPS) afirmou ter ouvido os representantes da Etiópia e da Somália na União Africana (UA) nesta reunião e "manifestou a sua profunda preocupação com a tensão em curso" entre os dois países e "o seu potencial impacto negativo na paz, segurança e estabilidade na região".
O Conselho apelou aos dois vizinhos para que deem provas de "contenção e desanuviamento" e comecem um "diálogo construtivo com vista a encontrar uma solução pacífica".
O Conselho reafirmou "inequivocamente" o seu "apoio à preservação da soberania, da independência, da unidade e da integridade territorial de todos os Estados membros da UA".
Desde a assinatura do acordo, as duas partes têm feito declarações contraditórias sobre a possibilidade de Adis Abeba reconhecer oficialmente a soberania da região separatista.
A Etiópia, que não tem saída para o mar desde a independência da Eritreia em 1993, ??afirmou nos últimos meses que pretende recuperar o acesso ao Mar Vermelho.
Atualmente, a maior parte das suas importações e exportações marítimas transita pelo porto de Jibuti.
A autoproclamada República da Somalilândia, de 4,5 milhões de habitantes, tem as suas próprias instituições, imprime a sua moeda e emite os seus passaportes, mas a falta de reconhecimento internacional mantém-na algo isolada.
Em 2018, a Somalilândia assinou um acordo com a DP World para a gestão do porto de Berbera. O gestor portuário dos Emirados Árabes Unidos está a investir milhões de dólares na modernização deste porto, onde a Etiópia tem uma participação de 19%, segundo a agência noticiosa France-Presse.
O bloco regional da África Oriental (IGAD) vai reunir esta quinta-feira, em Kampala, no Uganda, sobre esta tensão entre a Etiópia e a Somália e sobre a situação alarmante no Sudão.
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