As declarações do príncipe Faisal bin Farhan, em entrevista à cadeia norte-americana CNN, transmitida no domingo, foram das posições mais diretas até agora proferidas por dirigentes sauditas.
Na entrevista à CNN, o ministro dos Negócios Estrangeiros foi questionado também sobre se a Arábia Saudita, rica em petróleo, financiaria a reconstrução de Gaza.
"Desde que consigamos encontrar um caminho para uma solução, uma resolução, um caminho que signifique que não vamos estar aqui novamente dentro de um ano ou dois, então podemos falar sobre qualquer coisa", respondeu Faisal frisando que Riade defende mudanças concretas.
"Se estivermos apenas a repor o 'status quo' anterior a 07 de outubro (2023), de uma forma que nos prepare para outra ronda, como já vimos no passado, não estamos interessados nessa conversa", acrescentou.
A declaração coloca Riade em desacordo com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, que rejeitou a criação de um Estado palestiniano e descreveu planos para um controlo militar ilimitado sobre Gaza.
O diferendo sobre o futuro de Gaza - que ocorre numa altura em que a guerra continua sem fim à vista - coloca os países árabes contra Israel e constitui um grande obstáculo a planos de governação ou reconstrução em Gaza no pós-guerra.
Antes do ataque do Hamas de 7 de outubro do ano passado, que desencadeou a guerra, os Estados Unidos tinham tentado mediar um acordo histórico em que a Arábia Saudita normalizaria as relações com Israel.
Na altura, Washington garantia segurança, ajuda para estabelecer um programa nuclear civil no reino e progressos na resolução do conflito israelo-palestiniano.
Em setembro de 2023, Netanyahu afirmou que Israel estava "à beira" do acordo que transformaria o Médio Oriente.
Os palestinianos pretendem um Estado que inclua Gaza, a Cisjordânia ocupada por Israel e Jerusalém Oriental anexada, territórios que Israel conquistou na guerra do Médio Oriente de 1967.
Israel considera toda a Jerusalém como capital e a Cisjordânia como o coração histórico e bíblico do povo judeu.
A atual guerra entre Israel e o Hamas começou quando militantes palestinianos romperam as defesas de Israel e se alastraram por várias comunidades vizinhas, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, fazendo cerca de 250 reféns.
A ofensiva de Israel matou pelo menos 25.105 palestinianos em Gaza e feriu mais de 60 mil, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.
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