Membros do Likud, o partido de Netanyahu, e outros ministros, de extrema-direita, participaram na iniciativa, e quando os combates redobravam de violência entre o Exército israelita e os combatentes do movimento islamita palestiniano Hamas em Gaza, indicou a agência noticiosa AFP.
"Chegou o momento de regressar a Gush Katif e encorajar a emigração voluntária", declarou o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, ao evocar um grupo de colónias israelitas antes instaladas em Gaza.
"A retirada conduziu à guerra e se não queremos mais 07 de outubro devemos regressar a nossa casa, controlar o território e (...) encorajar" a partida "voluntária" dos palestinianos, acrescentou.
A reunião contou com a presença de outros 11 ministros, e decorreu num centro de conferências repleto em Jerusalém, segundo os organizadores.
Os intervenientes exigiram a expulsão dos palestinianos da Faixa de Gaza, ao considerarem que a reinstalação de colonatos constitui a única solução para garantir a segurança de Israel.
Este encontro testemunha o reforço dos setores de extrema-direita e ultra religiosos na sociedade israelita, com riscos de uma profunda convulsão política e social e eventuais problemas nas relações com os Estados Unidos, o seu indefetível aliado.
Israel ocupou a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém leste após a guerra de 1967. Pelo menos meio milhão de israelitas vivem atualmente na Cisjordânia em colónias consideradas ilegais pela maioria da comunidade internacional, ao lado de três milhões de palestinianos.
Em 2005 Israel retirou os seus nacionais de 21 colónias instaladas na Faixa de Gaza. O território abriga 2,4 milhões de palestinianos, a larga maioria deslocada desde o início dos combates em outubro passado.
O primeiro-ministro israelita nunca apoiou até agora o projeto de relançar colonatos em Gaza, declarando que o mesmo não constitui "um objetivo realista". E ainda não convocou uma reunião do Executivo dedicada ao "dia do pós-guerra".
O Governo Netanyahu é o mais religioso e ultranacionalista da história do país e elegeu como prioridade a expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada desde a chegada ao poder no final de 2022.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 26.400 pessoas - na maioria mulheres, crianças e adolescentes - e feridas mais de 64.000, também maioritariamente civis.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.
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