Ministro da Justiça do Presidente socialista François Mitterrand (1981-1986), introduziu a lei de 9 de outubro de 1981 que aboliu a pena de morte, numa França em que a maioria era favorável a esta punição máxima. Posteriormente, empenhou-se, até ao seu "último suspiro de vida", na abolição universal da pena capital.
Nascido em Paris a 30 de março de 1928, no seio de uma família judaica emigrada da Bessarábia (atual Moldova), tornou-se advogado na Ordem dos Advogados de Paris, depois de ter estudado literatura e direito, e seguiu simultaneamente uma carreira de professor universitário.
Cofundador, com Jean-Denis Bredin, de um prestigiado escritório de advogados, defendeu celebridades, grandes nomes da imprensa e do mundo dos negócios e, ocasionalmente, advogou em audiências.
Em 1977, conseguiu evitar que Patrick Henry, um assassino de crianças, fosse condenado a uma pena de prisão perpétua.
Divorciado de uma atriz com quem casou na década de 1950, era casado desde 1966 com a filósofa Elisabeth Badinter, nascida Bleustein-Blanchet, com quem teve três filhos.
Depois de deixar o governo, presidiu ao Conselho Constitucional durante nove anos (1986-95). Senador socialista de 1995 a 2011, teve a satisfação de ver a abolição da pena de morte consagrada na Constituição em 2007.
Sempre muito ativo, trabalhou na reforma da ONU nos anos 2000 e na reforma do Código do Trabalho durante os cinco anos do mandato de François Hollande.
Também integrou a Comissão de Arbitragem para a Paz na Jugoslávia, criada em agosto de 1991 pela Comissão Europeia para elaborar pareceres jurídicos sobre o conflito naquele país.
Na sexta-feira, o Presidente francês Emmanuel Macron saudou no X (antigo Twitter) "uma figura do século, uma consciência republicana, o espírito francês".
"Ele dedicou cada segundo da sua vida a lutar pelo que era correto, a lutar pelas liberdades fundamentais. A abolição da pena de morte será para sempre o seu legado para a França", afirmou o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, também no X.
Na mesma rede social, o atual diretor da Justiça, Éric Dupond-Moretti, que também é advogado criminalista há muitos anos, referiu que Badinter foi um ministro "visionário e corajoso" que "encarnou a República e os valores" de França.
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