EUA contra ofensiva de "grande escala" em Rafah sem plano humanitário

O Governo norte-americano instou hoje Israel a evitar lançar uma grande ofensiva em Rafah sem preparar um plano humanitário para os mais de um milhão de palestinianos refugiados nesta cidade, no sul da Faixa de Gaza.

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© MOHAMMED ABED/AFP via Getty Images

Lusa
13/02/2024 06:32 ‧ 13/02/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, destacou, em conferência de imprensa, que os Estados Unidos não acreditam que os últimos bombardeamentos em Rafah possam ser considerados "um ataque em grande escala".

Mas alertou que a administração liderada pelo democrata Joe Biden não apoiará nenhuma campanha militar "sem ter em conta os 1,1 milhões de pessoas que, segundo algumas estimativas, estão hoje em Rafah".

Israel garantiu que vai "elaborar e implementar um plano humanitário. Deixamos claro que acreditamos que é imperativo que o façam e veremos como isso se desenvolve", frisou Miller.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, garantiu no domingo que Israel está determinado a levar a cabo uma ofensiva terrestre em Rafah, no extremo sul de Gaza, enquanto cresce a pressão internacional a advertir contra esta operação.

"Aqueles que dizem que em nenhuma circunstância devemos entrar em Rafah estão basicamente a dizer que perdemos a guerra" para o Hamas, defendeu Netanyahu.

O Presidente dos EUA Joe Biden discutiu esta situação com Netanyahu numa chamada de 45 minutos, na qual lhe garantiu que uma operação em Rafah não deveria ser realizada sem um plano "credível e executável".

Por sua vez, o Egito apelou este domingo à unificação de "todos os esforços internacionais e regionais" para evitar uma ofensiva, pois poderia provocar um êxodo em massa de palestinianos para o território egípcio.

O porta-voz da diplomacia norte-americana adiantou também hoje que os Estados Unidos pediram a Israel uma investigação urgente sobre a morte comovente de Hind Rajab, uma menina de seis anos encontrada morta na Faixa de Gaza depois de horas a chorar por ajuda.

"Pedimos às autoridades israelitas que investiguem urgentemente este incidente. Esta é uma história perturbadora e comovente para esta criança e, claro, milhares de outras crianças morreram por causa deste conflito", destacou Matthew Miller.

De acordo com a sua família e o movimento islamita palestiniano Hamas, a menina foi morta pelo Exército israelita há quase duas semanas. Os seus telefonemas comoventes, gravados pelos serviços de emergência durante as horas em que sobreviveu num carro, no meio de uma operação israelita, foram amplamente divulgados nas redes sociais.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 67.000, também maioritariamente civis.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

Leia Também: UNRWA denuncia morte de trabalhador por disparos israelitas em Gaza

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