"Desde 2020, a União Africana suspendeu seis países depois de golpes militares terem deposto as autoridades civis; a política de 'tolerância zero' para tomadas de poder inconstitucionais impõe um custo a quem a viola, mas a proliferação de golpes no continente deixa claro que há muitos países preparados para carregar esse fardo", escreveram os analistas.
Numa análise sobre quais deviam ser as prioridades da União Africana para este ano, os analistas da Crisis Group afirmaram que a primeira prioridade deve ser lidar melhor com os reveses democráticos.
"O principal instrumento da UA para lidar com golpes de Estado é a Convenção de Lomé, de 2000, que compele a organização a suspender os países que mudaram de Governo de forma inconstitucional; a ameaça de suspensão parece ter desencorajado os golpes militares durante algum tempo, mas os tempos mudam, e as juntas militares têm agora menos razões para temer esta sanção da UA", sustentaram.
Na análise, argumentaram que, "mesmo debaixo de uma suspensão ao abrigo de Lomé, a competição geopolítica mundial exacerbada está a tornar mais fácil para estes países virarem os atores externos uns contra os outros para seu benefício", exemplificando com o Mali, que procurou na Rússia a ajuda necessária depois da suspensão da UA.
Entre as outras sete prioridades, que a Crisis Group diz que "não é exaustiva, mas sim producente", os analistas apontam o aumento da ajuda para salvar o Sudão, a preservação a estabilidade da Etiópia, evitar uma escalada da tensão entre a República Democrática do Congro e o Ruanda, revigorar a diplomacia no Sahel central, colocar o conflito nos Camarões na agenda, refrescar a parceria na Somália e ajudar o Sudão do Sul a encaminhar-se pacificamente para eleições.
Os Estados membros da União Africana reúnem-se sábado e domingo, em Adis Abeba, para a habitual cimeira anual da organização, com a edição deste ano a poder entrar para a história como uma das mais intensas, desde logo, devido à disputa entre Argélia e Marrocos, que aspiram a deter a presidência rotativa da organização continental, que, respeitando a rotação geográfica, cabe agora à África do Norte.
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