Presidente da Comissão da UA lamenta violência vista como única via

Além do Médio Oriente, Faki Mahamat citou ainda a guerra na Ucrânia e a tensão que se vive no mar Vermelho e no oceano Pacífico.

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© Antonio Masiello/Getty Images

Lusa
14/02/2024 14:09 ‧ 14/02/2024 por Lusa

Mundo

União Africana

O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, lamentou hoje em Adis Abeba que "a violência, nas suas formas mais bárbaras" esteja a tornar-se na única via para resolução de diferendos.

Faki Mahamat, que intervinha na abertura dos trabalhos da 44.ª sessão ordinária do Conselho Executivo da UA, considerou que os autores dos atos violentos "exibem os seus crimes com condescendência e desprezo pelos requisitos mínimos do Direito Internacional e do Direito Humanitário Internacional", perante "o silêncio e a amnésia de quase todas as grandes potências mundiais".

O presidente da Comissão da UA evocou a situação no Médio Oriente, onde o povo palestiniano, "espoliado dos seus direitos fundamentais de liberdade e criação de um Estado viável e soberano", é alvo, aos olhos de todos, "de uma guerra de extermínio sem paralelo na história" e felicitou a África do Sul pela apresentação da queixa no Tribunal Internacional de Justiça contra Israel.

Além do Médio Oriente, Faki Mahamat citou ainda a guerra na Ucrânia e a tensão que se vive no mar Vermelho e no oceano Pacífico.

"Estes conflitos mortais, que ameaçam a paz mundial, combinados com os efeitos devastadores persistentes da covid-19 e as injustiças intoleráveis do atual sistema internacional, ensombram o duplo clima económico e de segurança internacional", sintetizou.

Relativamente a África, Faki Mahamat lamentou que o "recrudescimento dos golpes de Estado militares, a violência pré e pós-eleitoral, as crises humanitárias ligadas à guerra e/ou aos efeitos das alterações climáticas", sublinhando que "são motivos de grande preocupação".

A este respeito evocou os "graves conflitos armados" no Sudão, na Somália, "ainda sujeita à ameaça fundamentalista islâmica", nos Grandes Lagos, com a "tensão interminável no leste da República Democrática do Congo, na Líbia, "dividida e constantemente exposta à instabilidade" e no Sahel, "exposto à ameaça terrorista".

"Este perigo será agravado pelo vazio criado pela retirada das Nações Unidas e pela denúncia dos acordos de Argel entre o governo do Mali e os movimentos armados", detalhou.

"No momento em que todas estas tragédias matam um grande número de pessoas e lançam milhares na precariedade e na miséria, está a ocorrer um outro fenómeno novo de colapso das nossas instituições de governação regional e continental, que afeta quase todas as comunidades económicas regionais (CER)", sublinhou.

Faki Mahamat salientou que as CER são "os pilares" da UA e deixo uma questão: "Por quanto tempo e até quando é que o edifício se manterá de pé e resistirá ao desmoronamento dos seus pilares e alicerces".

A reunião do Conselho Executivo da UA (reunião dos chefes da diplomacia do Estados-membros da organização) antecede a 37.ª cimeira de chefes de Estado e de governo, que se realiza também em Adis Abeba nos próximos dias 17 e 19.

Leia Também: Primeira das 8 prioridades da UA em 2024 devem ser os golpes de Estado

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