Leão de Ouro de Veneza distingue percurso da companhia Back to Back

A companhia australiana Back to Back Theatre foi distinguida com o Leão de Ouro de carreira na área do teatro, enquanto o Leão de Prata foi atribuído ao coletivo anglo-alemão Gob Squad, anunciou quarta-feira a Bienal de Veneza.

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© Stefania D'Alessandro/Getty Images

Lusa
15/02/2024 17:32 ‧ 15/02/2024 por Lusa

Cultura

Bienal de Veneza

Pioneira na renovação no teatro australiano e uma das companhias mundialmente mais conhecidas por fazer da deficiência uma ferramenta de investigação artística, a Back to Back Theatre foi galardoada com o Leão de Ouro pelo seu percurso, anunciou a Bienal de Teatro no seu 'site'.

O coletivo anglo-alemão Gob Squad, considerado vanguardista na aplicação de novas formas de combinar 'media' e performance que colocam o espectador no centro, foi distinguido com o Leão de Prata.

A decisão foi tomada pelo conselho de administração da Bienal de Veneza, sob recomendação dos diretores do Departamento de Teatro, Stefano Ricci e Gianni Fort, e a cerimónia de entrega do Leão de Prata terá lugar a 16 de junho, na sede da bienal, enquanto o Leão de Ouro pelo conjunto da obra será entregue no encerramento do festival, a 30 de junho.

Fundado em 1987 por Simon Laherty, Sarah Mainwaring e Scott Price, que se identificam como portadores de deficiências, e ao qual se juntou, em 1999, Bruce Gladwin como diretor artístico, o Back to Back Theatre apresentou-se a públicos em todo o mundo nas últimas três décadas com mais de trinta produções.

Obras que abordam temas sociais, políticos e filosóficos compõem o percurso desta companhia, que já foi premiada, entre outros, com o prémio internacional Ibsen, em 2022, o prémio Bessie, em Nova Iorque em 2008, e vários prémios Green Room, recebidos no seu país.

Num texto sobre a escolha dos Back to Back Theatre, Stefano Ricci e Gianni Forte salientaram que a companhia cria, em cada espetáculo "uma parábola visionária da comunicação que, com ferocidade poética, desintegra todos os preconceitos, todos os estigmas da compaixão: se o corpo tem limitações expressivas, no palco essas demarcações tornam-se elas próprias uma gramática diferente".

"Os nossos medos, a nossa tolerância puritana, a nossa cegueira moral são desfeitos pelos contos cruéis de mundos perigosos do Back to Back Theatre, onde a diversidade traz consigo a amplificação do conhecimento, da inclusão, para curar as deformidades da nossa consciência de pessoas aparentemente deficientes... Porque, independentemente da limitação que uma pessoa possa sentir, cabe-nos a nós, enquanto consórcio humano, removê-la; é isso que a cultura faz", sublinharam.

Sobre o grupo Gob Squad, distinguido com o Leão de Prata, um coletivo artístico fundado em Nottingham em 1994, foi destacada a capacidade de improviso nos espetáculos, onde "tudo pode acontecer e, normalmente, tudo acontece", com os seus trabalhos dançados, tocados, cantados, que "deixam com uma sensação de ressaca, e são uma oportunidade irrepetível para partilhar paixões e desejos".

Em 2023, o Leão de Ouro pelo conjunto da obra foi atribuído pela Bienal de Veneza ao encenador e dramaturgo italiano Armando Punzo e o Leão de Prata foi atribuído ao coletivo belga FC Bergman.

Leia Também: Bienal de Veneza acolhe 90 pavilhões com foco na migração e descolonização

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