Amnistia Internacional defende fim da "ocupação brutal" da Palestina

A Amnistia Internacional defendeu hoje que Israel deve terminar com a sua "ocupação brutal" da Palestina, mantida desde 1967, para deixar de "alimentar o 'apartheid' [regime de segregação] e as violações sistemáticas dos direitos humanos".

Notícia

© MOHAMMED ABED/AFP via Getty Images

Lusa
19/02/2024 18:04 ‧ 19/02/2024 por Lusa

Mundo

Amnistia Internacional

A posição da organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos ocorre no primeiro de seis dias das audiências públicas no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ, a mais alta instância judicial das Nações Unidas) sobre a legalidade da ocupação israelita nos Territórios Palestinianos Ocupados (Faixa de Gaza e da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental), à luz de uma resolução aprovada pela Assembleia-Geral da ONU.

Para a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, a ocupação é a "mais longa" e uma das "ocupações militares mais mortíferas do mundo", com "violações generalizadas e sistemáticas dos direitos humanos contra os palestinianos".

"A ocupação também permitiu e consolidou o sistema de 'apartheid' de Israel imposto aos palestinianos", acrescentou a responsável, citada num comunicado, no qual recordou que o "TIJ decidiu que existe um risco real e iminente de genocídio".

Agnès Callamard defendeu que "todos os Estados devem rever as suas relações com Israel para garantir que não contribuem para sustentar a ocupação ou o sistema de 'apartheid'".

A ONG acusou Israel de "ocupação perpétua", argumentando que a "anexação de facto de grandes áreas da Cisjordânia através do confisco de terra e da expansão de colonatos fornecem provas claras" sobre a intenção de tornar permanente a ocupação em seu benefício e dos seus cidadãos.

"A Faixa de Gaza continua ocupada mesmo após a retirada das forças israelitas e a remoção dos colonos em 2005" dado o "controlo efetivo", por exemplo, de "fronteiras, águas territoriais, espaço aéreo e registo populacional", notou ainda a ONG, acusando Israel de "devastar a economia" e fazer milhares de vítimas entre civis.

Segundo a Amnistia Internacional, os palestinianos de Gaza, além do conflito a decorrer, têm estado "sujeitos a numerosas ofensivas militares israelitas -- pelo menos seis entre 2008 e 2023", que "equivalem a crimes de guerra e até crimes contra a humanidade, enquanto o bloqueio duradouro constitui uma punição coletiva, também um crime de guerra".

A atual guerra foi desencadeada pelo ataque de 07 de outubro perpetrado por militantes do movimento islamita palestiniano Hamas, que invadiram o sul de Israel e mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fizeram cerca de 250 reféns.

Em resposta, os israelitas lançaram uma intensa ofensiva militar na Faixa de Gaza que provocou até à data mais de 28 mil mortos, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.

A Amnistia Internacional garantiu ainda que "acabar com a ocupação significaria restaurar os direitos dos palestinianos, levantando o bloqueio brutal a Gaza, desmantelando os colonatos israelitas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e revertendo a sua anexação ilegal".

As audiências em Haia (Países Baixos) decorrem na sequência de um pedido da Assembleia-Geral da ONU para um parecer consultivo não vinculativo sobre as políticas de Israel nos territórios ocupados e envolvem mais de 50 entidades e países.

Hoje, o chefe da diplomacia palestiniana, Riad Al-Maliki, afirmou perante o TIJ que os palestinianos são alvo de "colonialismo" e de 'apartheid' sob a ocupação israelita.

Já Israel afirmou "não reconhecer a legitimidade" das sessões, considerando que está a ser "prejudicado" o seu direito de se "defender contra ameaças para a sua existência", segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu.

A Assembleia-Geral da ONU pediu em dezembro de 2022 um parecer consultivo não vinculativo sobre as políticas de Israel nos territórios ocupados, sendo provável que os juízes demorem meses a emitir um parecer.

Após a audição dos palestinianos, um número sem precedentes de 51 países e três organizações internacionais vão ser ouvidos.

Não está previsto que Israel intervenha durante as audições, mas pode vir a apresentar uma declaração escrita.

Leia Também: Amnistia Internacional pede o fim da ocupação dos territórios ocupados

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas