Da tortura à 'crucificação'. As penas de morte que falharam (e como?)

Ser condenado à pena de morte já não acontece em muitos países, no entanto, nem todas as condenações acabam por ser efetivadas. Eis os casos mais polémicos de execuções que não se realizaram e onde, até à última, os detidos ouviram que a sua pena estava "suspensa".

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© Michael S. Williamson/The Washington Post via Getty Images

Teresa Banha
29/02/2024 18:04 ‧ 29/02/2024 por Teresa Banha

Mundo

Pena de morte

Em 2024, há ainda 55 países que, de acordo com os dados mais recentes da Amnistia Internacional, têm pena de morte. Apesar de existir em vários locais do globo, são muitas vezes as execuções nos Estados Unidos que a imprensa mais destaca.

Esta pena, que Portugal foi pioneiro em abolir a nível europeu, encontra muitas vezes travões, como foi o caso, que ocorreu na quarta-feira, quando o assassino em série Thomas Creech viu a sua pena ser suspensa. O homem, de 73 anos, estava no corredor da morte há 40 anos e, de acordo com as publicações internacionais, a equipa médica tentou dar-lhe uma injeção letal pelo menos oito vezes – mas sem sucesso.

O caso de Creech, que foi condenado a esta pena quando matou o seu colega de cela, onde já estava depois de ser condenado por vários homicídios, não é, no entanto, único.

O G1 recordou alguns casos e assassinos que viram a sua execução não acontecer. Conheça-os abaixo:

Kenneth Smith

Kenneth Smith foi executado aos 58 anos, em janeiro deste ano, através de um método nunca utilizado nos Estados Unidos: Asfixia por nitrogénio, que consiste na inalação deste gás até morrer asfixiado.

Mas antes da sua morte, Smith sobreviveu a uma execução, quando, em 2022, ficou amarrado a uma maca durante pelo menos uma hora enquanto os médicos tentavam encontrar uma veia para lhe administrar a substância letal. Os advogados do homem referiram que este sofreu dor física e psicológica e que desenvolveu também stress pós-traumático.

Últimas palavras de executado com nitrogénio foram sobre a "humanidade"

Kenneth Eugene Smith foi executado na quinta-feira com método inédito e muito polémico. Ao contrário do que as autoridades judiciárias tinham garantido, quem assistiu ao momento afirma que o recluso sofreu durante alguns minutos, sem ar e em agonia.

Notícias ao Minuto | 16:05 - 26/01/2024

A publicação The Guardian contou que na altura a equipa – de três pessoas – não conseguiu encontrar veia e os guardas foram instruídos a virar a maca em que o homem se encontrava, ficando este de bruços e braços estendidos. A equipa saiu do local, e mais tarde regressou, tentando injetar a substância quando este estava nesta posição – altura em que o homem denunciou dores terríveis.

Smith foi condenado a esta pena depois de ter matado uma mulher em 1998. O homicídio foi encomendado pelo marido da mesma, um pastor que acabou por tirar a própria vida. A Amnistia Internacional pediu que o estado de Alabama, um dos quais em que a pena de morte é legal, para não executar o homem. Este chegou mesmo a ser absolvido por um painel de jurados, em que só um votou pela pena de morte. Esta sentença foi, no entanto, anulada pela justiça.

Allan Eugene Miller

Também em 2022 Alan Miller, de 59 anos, foi submetido a uma tentativa de execução no estado de Alabama. Segundo o Guardian, o homem foi "perfurado" repetidamente durante 1h30 enquanto estava deitado na maca. Chegou a estar na mesma posição de Smith, que a imprensa descreve como sendo parecida a uma crucificação. Antes de o dia acabar, o homem ouviu que a sua sentença tinha sido "adiada".

Segundo as publicações internacionais adiantaram a semana passada, o estado norte-americano procura também que o mesmo homem seja executado como Smith, através do gás nitrogénio. O homem está no corredor da morte desde 2000 depois de no ano anterior ter assassinado três colegas de trabalho durante um tiroteio.

Romell Broom

Uma outra tentativa de execução polémica vai uns anos mais atrás, até 2009. Mais uma vez, a dificuldade estava em encontrar uma veia para receber a outra substância. Terão sido feitas 18 tentativas de perfuração, até já depois de Romell Broom ter oferecido o outro braço para receber a injeção letal.

Duas horas depois do início da execução, o governador do Ohio mandou adiar a mesma. Segundo a advogada de defesa disse na altura, o que terá acontecido na altura foi tortura.

A pena foi-lhe dada depois de este ter sido considerado culpado de sequestrar e matar uma menina de 14 anos em 1984. De acordo com o tribunal, o homem terá ameaçado a criança quando esta voltava de um jogo de futebol com dois amigos. Broom sempre se declarou inocente, acabando por morrer na prisão em 2020, por complicações relacionadas com a Covid-19.

Leia Também: Há 40 anos no corredor da morte, Creech vê injeção letal adiada. E agora?

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