Yulia Navalnaya invocou, através das redes sociais, "26 anos de absoluta felicidade" com o marido, morto em 16 de fevereiro numa prisão no Ártico, deixando a promessa de que vai tentar fazer com que Navalny tenha orgulho dela e prosseguir a sua luta política.
A viúva lembrou como seu marido sempre a fazia rir, "mesmo na prisão", onde cumpria pena por acusações de extremismo que os seus apoiantes disseram terem motivações políticas.
Sem mencionar especificamente os seus esforços de oposição, declarou: "Não sei como viver sem ti", prometendo tentar deixar Navalny orgulhoso.
"Não sei se consigo lidar com isso ou não, mas vou tentar", acrescentou.
O opositor russo Alexei Navalny foi sepultado hoje no cemitério de Borissovo, em Moscovo, rodeado de familiares e amigos.
"O caixão foi baixado à terra", anunciou nas redes sociais Ivan Jdanov, um dos colaboradores mais próximos do líder da oposição.
Perante o olhar vigilante de centenas de polícias, incluindo elementos do corpo de intervenção, que guardavam o perímetro, a compacta multidão, composta sobretudo por jovens idosos, gritou em frente à igreja do Ícone da Mãe de Deus "Os heróis não morrem".
"Navalny não tinha medo, nós também não temos", clamou uma jovem, sendo secundada com entusiasmo durante alguns minutos pela multidão, com muitas pessoas segurando ramos de flores.
Entre as flores, muitos cravos, que na Rússia são símbolo de sangue derramado.
A multidão gritou também "Não à guerra!" em protesto contra o ataque russo à Ucrânia, que começou há mais de dois anos.
A polícia russa deteve hoje pelo menos 45 pessoas em manifestações a favor do opositor Alexei Navalny, segundo a organização não-governamental especializada OVD-Info.
A maioria das detenções ocorreram em cidades que não a capital, indicou o grupo independente de defesa dos meios de comunicação social e dos direitos humanos que se dedica ao combate à repressão na Rússia.
"No total, a OVD-Info tem conhecimento de mais de 45 detenções", declarou a organização na rede social Telegram.
Seis dessas pessoas foram presas em Moscovo, enquanto as outras foram detidas noutros locais, como Novosibirsk, na Sibéria, ou na região de Voronezh.
Hoje de manhã, a presidência russa (Kremlin) advertiu contra a violação da legislação sobre manifestações não autorizadas durante o funeral de Navalny, que morreu na prisão em circunstâncias pouco claras.
"Gostaríamos de lembrar que há uma lei que deve ser respeitada: qualquer reunião não autorizada constituirá uma violação da lei", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Crítico declarado do regime do Presidente russo, Vladimir Putin, e carismático defensor da luta contra a corrupção, Navalny morreu aos 47 anos em circunstâncias ainda pouco claras.
Os serviços prisionais disseram que sofreu um colapso súbito após uma caminhada na colónia penal do Ártico onde cumpria uma pena de 19 anos por extremismo e a certidão de óbito menciona causa natural.
Os seus apoiantes, a viúva Yulia Navalnaya e muitos líderes ocidentais acusam Putin de ser o responsável pela morte de Navalny.
A presidência russa negou estas acusações.
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