"Recebemos entre cinco a dez novos casos por dia", disse o coordenador da MSF no Haiti, Mumuza Muhindo Musubaho, referindo-se à situação no hospital de Tabarre.
Este centro hospitalar da capital teve de acrescentar mais de vinte camas após o agravamento da situação a 28 de fevereiro, "para um total de 75 camas".
Para aliviar a paralisação de outros hospitais, a MSF reabriu um centro de urgência na zona de Turgeau duas semanas antes do previsto e um novo hospital com 25 camas em Carrefour.
A organização não-governamental pretende estar presente em diferentes áreas, uma vez que a insegurança e os bloqueios nas estradas dificultam a transferência de pacientes.
"Estamos preocupados porque o acesso ao material médico é extremamente difícil, não só devido à situação no porto, mas também devido à impossibilidade de prosseguir com as formalidades administrativas aduaneiras", afirma o coordenador, que receia o esgotamento de produtos "absolutamente essenciais".
O número de feridos aumentou nos últimos dias assim como "há cada vez mais pessoas deslocadas".
Em 2023, a MSF tratou mais de quatro mil vítimas de violência sexual e estima que, se a atual instabilidade no país continuar os números podem aumentar "muito mais".
Hoje, a União Europeia (UE) referiu-se ao agravamento da violência no Haiti, afirmando que a situação é "extremamente preocupante" exigindo que o primeiro-ministro Ariel Henry trabalhe numa solução política antes das eleições.
"O agravamento da violência no Haiti durante a última semana foi extremamente preocupante. Deploramos os ataques às esquadras da Polícia Nacional e o assalto a duas das principais prisões, que levou à fuga de milhares de reclusos", declararam fontes da UE à agência de notícias espanhola Europa Press.
A presente crise levou os Estados Unidos a organizar uma missão multinacional de segurança.
Neste sentido, a UE apoia o estabelecimento da missão policial liderada pelo Quénia e financiada pelos Estados Unidos, para a qual o Benim e as Bahamas disponibilizam efetivos.
Washington manifestou recentemente a intenção de fornecer 200 milhões de dólares à missão para ajudar a Polícia Nacional haitiana em matérias de planeamento, informações, capacidade de transporte aéreo, comunicações, equipamento e serviços médicos.
Segundo as mesmas fontes, a UE pode vir a participar "indiretamente" através de programas de cooperação.
As fontes consultadas acrescentaram que acolhem "favoravelmente" os planos de Ariel Henry sobre a realização de eleições.
"Pode ser um fator essencial para recuperar a estabilidade no país", disseram as fontes europeias insistindo que o líder haitiano deve promover o diálogo com todos os setores do Haiti com vista a uma solução política.
A situação na ilha das Caraíbas agravou-se nos últimos anos, após o assassinato, em 2021, do Presidente Jovenel Moise.
Desde essa altura, a insegurança e a violência generalizada instalaram-se em todo o país, especialmente na capital, Port-au-Prince, obrigando várias organizações e agências humanitárias internacionais a abandonar atividades.
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