Pelo menos 15 mil deslocados pela violência no Haiti na última semana

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou hoje que pelo menos 15 mil pessoas foram deslocadas pela violência no Haiti na última semana.

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© REUTERS/Ralph Tedy Erol

Lusa
10/03/2024 23:44 ‧ 10/03/2024 por Lusa

Mundo

Haiti

Segundo esta agência especializada das Nações Unidas, este número eleva para 362 mil o total de haitianos que se viram forçados a abandonar as suas casas devido à crise em todo o país, mais de 160 mil dos quais na capital, Port-au-Prince.

Num comunicado, a OIM declarou-se "profundamente preocupada com a erupção da violência desde finais de fevereiro", com uma crise a agravar a já grave situação que se vivia no país.

Das 15 mil pessoas deslocadas na última semana, a maioria já anteriormente tinha tido de fugir de casa, com dez postos de acolhimento a terem de ser desocupados devido ao surto de violência, somando mais traumas às famílias deslocadas, referiu a organização, sublinhando que estas precisam de água, alimentos, cuidados médicos, instalações de higiene e apoio psicológico.

"Os haitianos não conseguem viver uma vida digna. Vivem com medo e a cada dia, a cada hora que esta situação se prolonga, o trauma agrava-se", afirmou o diretor da OIM para o Haiti, Philippe Branchat, recordando que a insegurança está a aumentar em todo o país e que "as pessoas que vivem na capital estão encurraladas, não têm para onde ir".

Segundo Branchat, "as pessoas que fogem não conseguem chegar junto dos seus familiares e amigos no resto do país para encontrar abrigo".

"A capital está rodeada de grupos armados e de perigo. É uma cidade sitiada", acrescentou.

Quanto à saúde, a OIM indicou que o sistema sanitário entrou em falência, com alguns hospitais atacados ou arrasados por gangues, a ter que retirar o pessoal e os doentes das instalações, o que impede os profissionais de saúde de prestar até serviços básicos, como apoio psicológico, a uma população vítima de deslocação forçada, violações e ataques, que fez aumentar as tendências suicidas.

Além disso, em todo o Haiti, cerca de 362 mil pessoas estão internamente deslocadas, um aumento de 15% desde o início do ano, metade das quais, cerca de 180.000, são crianças, "um grupo particularmente vulnerável", salientou a agência da ONU, observando que cada nova deslocação traz "novos desafios de adaptação", o que gera grande "stress e ansiedade".

A violência em Port-au-Prince aumentou significativamente desde que se soube, em 28 de fevereiro, que o primeiro-ministro, Ariel Henry, se tinha comprometido a realizar eleições no Haiti antes do final de agosto de 2025, uma data muito distante, tendo em conta que deveria ter deixado o poder em 07 de fevereiro, nos termos de um acordo de 2022.

No meio desta escalada de violência, os gangues criminosos invadiram as duas principais prisões da capital no passado fim de semana, permitindo a fuga de mais de 3.000 reclusos.

A autoridade máxima nacional após o assassínio, em 2021, do Presidente Jovenel Moise, o primeiro-ministro Ariel Henry, atualmente em Porto Rico, está a ser alvo de pressões dentro e fora do Haiti para favorecer uma transição democrática que ajude a travar a crise aguda e a extrema violência com que se confronta o país caribenho, o mais pobre do continente americano.

Leia Também: EUA retiram parte do pessoal da embaixada na capital do Haiti

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