"A situação de segurança é mais do que alarmante, uma grande parte do país é aterrorizada por grupos armados", disse Türk à imprensa, após uma reunião com o capitão Ibrahim Traoré, que chegou ao poder através de um golpe de Estado em setembro de 2022.
Além de ser governado por um regime militar, o país continua a sofrer os efeitos da violência fundamentalista islâmica.
"Em 2023, o meu gabinete documentou 1.335 violações e abusos dos direitos humanos e do direito humanitário, com pelo menos 3.800 vítimas civis. Os grupos armados são responsáveis pela grande maioria das violações cometidas contra civis", acrescentou.
Segundo Türk, a "violência gratuita deve acabar e os seus autores devem ser responsabilizados".
O dirigente da ONU afirmou que "compreende perfeitamente os graves desafios com que se confrontam as forças de defesa e de segurança no Burkina Faso" e disse sentir-se "encorajado pelas declarações de que estão a ser tomadas medidas para garantir que a sua conduta está em plena conformidade com o direito humanitário internacional e o direito internacional dos direitos humanos".
Volker Türk agradeceu aquelas garantias, que, disse, "surgem no momento em que são relatadas graves violações cometidas pelas forças de segurança e pelos Voluntários para a Defesa da Pátria [VDP, auxiliares do exército], que devem ser investigadas e corrigidas com rigor".
Várias personalidades do Burkina Faso que se manifestaram contra o regime foram recentemente detidas ou raptadas.
No plano humanitário, "o sofrimento de milhões de burquinabeses é desolador", afirmou, destacando que 2,3 milhões de pessoas se encontram em situação de insegurança alimentar, mais de dois milhões de pessoas deslocadas internamente e 800 mil crianças impedidas de ir à escola.
"No total, 6,3 milhões de pessoas, numa população de 20 milhões, precisam de assistência humanitária, mas esta questão desapareceu da agenda internacional e os recursos disponibilizados são totalmente inadequados para responder à escala das necessidades das pessoas", lamentou.
Desde 2015, o Burkina Faso tem sido confrontado com a violência fundamentalista islâmica atribuída a movimentos armados ligados à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico, bem como com represálias atribuídas às forças armadas e aos seus auxiliares, que causaram cerca de 20 mil mortos.
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