A Rússia acordou, este domingo, em dia de luto nacional pelas vítimas do ataque de sexta-feira na sala de espetáculos Crocus City Hall, em Krasnogorsk, nos subúrbios de Moscovo, levado a cabo pelo Estado Islâmico. Será o 30.º na história moderna no país.
As bandeiras dos edifícios foram hoje colocadas a meia haste, depois de, no sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, se ter comprometido a localizar e a punir todos os responsáveis pelo atentado que provocou pelo menos 133 mortos, incluindo três crianças, e 154 feridos, de acordo com os dados revelados pela agência estatal RIA.
O mesmo meio recordou que, entre 1993 e o atentado de sexta-feira, o luto nacional foi declarado 29 vezes, incluindo após o ataque terrorista no centro de Dubrovka, em 2002, a tomada de reféns numa escola de Beslan, em 2004, e o incêndio no clube Lame Horse, em Perm, em 2009. Desastres naturais, acidentes de avião, acidentes graves com um grande número de vítimas, e a morte do primeiro presidente russo, Boris Yeltsin, em 2007, também foram assinalados com dias de luto nacional.
Contudo, durante o período soviético, o luto nacional foi decretado apenas após a morte dos líderes – Vladimir Lenin, Joseph Stalin, Leonid Brezhnev, Yuri Andropov e Konstantin Chernenko, tendo havido uma exceção com a morte do herói nacional, o primeiro cosmonauta do mundo, Yuri Gagarin.
Sublinhe-se que não foi declarado luto nacional nem pelo desastre na central nuclear de Chernobyl, nem pela catástrofe do submarino nuclear Komsomolets.
A última vez que um dia de luto nacional foi declarado na Rússia ocorreu a 28 de março de 2018, após um incêndio no centro comercial e de entretenimento ‘Winter Cherry’, em Kemerovo, que foi considerado um dos maiores incêndios no país em 100 anos. Pelo menos 60 pessoas morreram, a maioria crianças.
Vários outros países também decretaram um dia de luto nacional em solidariedade com a Rússia, entre eles a Nicarágua e a Sérvia. Já em Moscovo, as embaixadas britânica e australiana terão as bandeiras a meia haste.
Saliente-se que o Serviço Federal de Segurança (FSB) russo relatou, no sábado, a detenção de onze indivíduos alegadamente ligados ao atentado, entre os quais os quatro terroristas que terão perpetuado diretamente o ataque.
O presidente russo condenou ontem o que denominou de ato terrorista "bárbaro e sangrento", e apelou à vingança. Embora não tenha especulado sobre os autores intelectuais do ataque, sugeriu que os quatro detidos tentavam cruzar a fronteira para a Ucrânia, que, segundo o líder russo, tentou criar uma "janela" para ajudá-los a escapar.
As autoridades ucranianas negaram, desde a primeira hora, qualquer envolvimento no ataque e uma fonte da inteligência dos EUA disse à Associated Press que as agências norte-americanas confirmaram que o grupo era responsável pelo ataque.
Um dos detidos supostamente envolvido no ataque confessou que lhes prometeram 500 mil rublos (cerca de 5.000 euros) para participar no atentado.
Numa gravação do interrogatório publicada pelo Canal Um da televisão russa, o detido afirma ter recebido metade da soma, através de uma transferência para um cartão bancário.
As detenções foram resultado de uma operação conjunta entre o FSB e combatentes do regimento checheno Akhmat, segundo anunciou pouco depois o líder da Chechénia, Ramzan Kadirov.
O veículo que os autores do atentado conduziam era um Renault Logan de cor branca, presumivelmente o mesmo no qual chegaram ao Crocus City Hall na noite de sexta-feira.
Segundo as autoridades russas, conseguiram escapar do local e seguir pela autoestrada até cerca de 100 quilómetros da fronteira com a Ucrânia.
As autoridades continuam a investigar, mas no interrogatório foi apurado que toda a operação começou há apenas um mês com a oferta monetária.
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