Todos os envolvidos no ataque "são alvos legítimos" para a Rússia

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, disse hoje que todos os envolvidos no ataque a uma sala de concertos perto de Moscovo, que fez mais de 130 mortos, serão "alvos legítimos" para a Rússia.

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© Getty Images

Lusa
24/03/2024 12:16 ‧ 24/03/2024 por Lusa

Mundo

Moscovo

"Vingar-nos-emos de todos. E os envolvidos, independentemente do seu país de origem ou estatuto, serão, a partir de agora, o nosso alvo legítimo e principal", escreveu Medvedev, no Telegram.

"Aguentem, seus canalhas", sublinhou, no dia de luto que a Rússia assinala após o ataque perpetrado na sexta-feira, na sala de concertos Crocus City Hall reivindicado pelo Estado Islâmico (EI).

Segundo as últimas informações fornecidas pelas autoridades, o ataque causou, pelo menos, 133 mortos, entre os quais três crianças, e 154 feridos, na maioria ainda hospitalizados.

Desde as primeiras horas da manhã, os moscovitas transportam flores para o local do atentado, na cidade de Krasnogorsk, a perto de 20 quilómetros do centro de Moscovo.

Cumprindo o luto oficial, as instituições russas e missões diplomáticas no estrangeiro colocaram as bandeiras a meia haste, enquanto os habitantes de Moscovo continuam a depositar flores nas imediações da sala de concerto.

O perímetro de segurança do local do atentado está isolado e a ser patrulhado por membros da Guarda Nacional Russa e por equipas de cães, enquanto os serviços de salvamento continuam a remover os escombros do edifício destruído pelo fogo causado pelos autores do atentado.

Numa mensagem publicada na sua página na Internet, os proprietários do pavilhão e da sua sala de concertos, onde os atacantes dispararam indiscriminadamente contra centenas de espectadores durante quinze minutos, afirmaram que têm intenção de reconstruir o local.

Os principais meios de comunicação federais também alteraram os horários de emissões, e todos os museus da federação russa cumpriram um minuto de silêncio às 12:00 locais (09:00 de Lisboa).

O ataque de sexta-feira foi considerado o maior ataque terrorista na Rússia em duas décadas, depois do massacre de Beslan em 2004.

No sábado, o Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que "todos os autores, organizadores e aqueles que encomendaram este crime receberão um castigo merecido e irremediável, sejam eles quem forem e independentemente de quem os enviou".

Até ao momento, e segundo dados das autoridades russas, foram detidas onze pessoas ligadas ao ataque, quatro delas pessoalmente envolvidas no assassínio.

"A empresa russa Crocus International, proprietária da sala de espetáculos Crocus City Hall, expressa as suas mais profundas condolências pelo ataque terrorista. Nunca esqueceremos aqueles que foram vítimas dos terroristas. O que foi destruído pelas suas mãos sujas será restaurado", lê-se na mensagem.

O ataque de sexta-feira causou uma troca de acusações entre os presidentes da Ucrânia e da Rússia. Volodymyr Zelensky, acusou o seu homólogo russo de tentar "remeter a culpa" para Kiev do atentado em Moscovo. Por seu lado, Vladimir Putin condenou o ato terrorista de "bárbaro e sangrento" apelando à vingança.

"O que aconteceu na sexta-feira em Moscovo é óbvio: Putin e os outros vilões estão apenas a tentar colocar a culpa noutras pessoas", disse Zelensky na sua mensagem diária, no sábado, após as autoridades russas avançarem a hipótese de uma pista ucraniana.

Sem especular sobre os autores morais do atentado, Putin sugeriu, no sábado, que quatro dos detidos tentavam cruzar a fronteira para a Ucrânia, considerando que a Ucrânia criou "uma janela" para os ajudar a escapar.

As autoridades ucranianas negaram, desde a primeira hora, qualquer envolvimento no ataque e uma fonte dos serviços de informação dos EUA disse à Associated Press que as agências norte-americanas confirmaram que o grupo era responsável pelo ataque.

Um dos detidos supostamente envolvido no ataque confessou que lhes prometeram 500 mil rublos (cerca de 5.000 euros) para participar no atentado.

Numa gravação do interrogatório publicada pelo Canal Um da televisão russa, o detido afirma ter recebido metade da soma, através de uma transferência para um cartão bancário.

As detenções foram resultado de uma operação conjunta entre o FSB e combatentes do regimento checheno Akhmat, segundo anunciou pouco depois o líder da Chechénia, Ramzan Kadirov.

O veículo que os autores do atentado conduziam era um Renault Logan de cor branca, presumivelmente o mesmo no qual chegaram ao Crocus City Hall na noite de sexta-feira.

Segundo as autoridades russas, conseguiram escapar do local e seguir pela autoestrada até cerca de 100 quilómetros da fronteira com a Ucrânia.

As autoridades continuam a investigar, mas no interrogatório foi apurado que toda a operação começou há apenas um mês com a oferta monetária.

Diversos líderes mundiais e organizações têm condenado o atentado e manifestado solidariedade com as vítimas e famílias, entre as quais a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e a Casa Branca.

"Condenamos inequivocamente os ataques contra o público de um concerto em Moscovo", afirmou uma porta-voz da NATO, Farah Dakhlallah, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

Também no sábado, os EUA qualificaram o EI de "inimigo terrorista comum", que "deve ser vencido em toda a parte", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em comunicado. A presidência norte-americana "condena energicamente o odioso ataque terrorista a Moscovo", que atingiu "civis inocentes", acrescentou.

Leia Também: Ministro britânico lança dúvidas sobre versão russa do ataque em Moscovo

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