É "muito importante que o Conselho de Segurança consiga finalmente aprovar uma resolução que apela a um cessar-fogo em Gaza", sublinhou António Guterres, numa conferência de imprensa realizada em conjunto com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, em Amã.
"É nosso dever fazer todos os possíveis para mobilizar toda a comunidade internacional. E vejo que está a emergir um consenso na comunidade internacional, incluindo em países que são amigos e aliados de Israel. Vejo que está a emergir um consenso de que esta guerra deve terminar. Vejo surgir um consenso de que qualquer ofensiva terrestre contra Rafah levará a uma situação humanitária catastrófica", adiantou Guterres.
Segundo referiu, "o Conselho de Segurança é hoje vítima das enormes divisões geopolíticas que existem no mundo".
"Com as superpotências em desacordo entre si, cria-se uma situação em que é muito difícil encontrar consenso em relação a qualquer uma das difíceis crises de enfrentamos no mundo e não só em relação a Gaza", adiantou o líder da ONU.
O Conselho de Segurança da ONU, que tinha previsto reunir-se no sábado para votar uma nova resolução sobre Gaza, adiou a reunião para hoje, depois de a Rússia e a China terem vetado um outro texto apresentado pelos Estados Unidos na sexta-feira, no qual era defendido um cessar-fogo imediato.
Essa proposta, apresentada depois de mais de cinco meses de guerra, foi a primeira em que os Estados Unidos pediram um cessar-fogo imediato em Gaza no Conselho de Segurança, após terem vetado vários projetos apresentados por outros países.
A resolução que irá agora a votos exige "um cessar-fogo imediato no mês do Ramadão", que deverá terminar em 09 de abril, e que "conduza a um cessar-fogo permanente e sustentado".
Além disso, apela à libertação imediata e incondicional de todos os reféns detidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas e sublinha a necessidade de "aumentar o fluxo de ajuda humanitária" para responder à "grande preocupação com a situação catastrófica em Gaza".
A China afirmou hoje que "continuará a apoiar" o Conselho de Segurança das Nações Unidas na adoção de "ações responsáveis e significativas" para alcançar um cessar-fogo "incondicional e duradouro" em Gaza.
No entanto, não está claro qual será a posição dos Estados Unidos que, como membro permanente, tem poder de veto, o que, aliás, já usou três vezes relativamente à guerra em Gaza.
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