Jean-Luc Blanchon, o procurador da República de Aix-en-Provence, falou, pela primeira vez, após a descoberta do crânio e dos dentes do pequeno Émile, no fim de semana, e anunciou que foram encontradas roupas do menino. Contudo, apesar dos exames já realizados, ainda não é possível "dizer qual foi a causa de morte" da criança, de dois anos.
"Os nossos primeiros pensamentos estão reservados aos pais", começou por dizer Jean-Luc Blanchon, em conferência de imprensa, referindo que os progenitores viveram "momentos dolorosos".
"Neste momento, não podemos dizer se o corpo de Émile estava presente na área de busca", disse o procurador, citado pela BFMTV. "Não posso dizer hoje que cada metro quadrado foi revistado (...) As temperaturas podem ter afetado a eficácia dos cães de rasto", recordou.
O procurador declarou ainda que "não foi estabelecida qualquer relação objetiva" entre a descoberta do crânio no sábado, por uma mulher que fazia uma caminhada no local, e a reconstrução do caso que, na quinta-feira, as autoridades haviam estado a fazer no local. Jean-Luc Blanchon explicou que a mulher colocou o crânio num saco de plástico e foi para casa antes de chamar a polícia. Além disso, tinha feito o mesmo percurso cerca de um mês antes.
O procurador acabou ainda por anunciar a descoberta de vestuário pertencente a Émile, "mas não de outros ossos", a cerca de 150 metros da zona onde foram encontrados o crânio e os dentes. De recordar que, na sequência da descoberta das ossadas, no sábado, as autoridades foram destacadas para zona de Haut-Vernet para prosseguirem as suas investigações, e levaram cães especializados na procura de restos humanos.
As roupas encontradas são uma t-shirt, sapatos e cuecas, "que não estavam todas no mesmo sítio, mas espalhadas por alguns metros". As roupas foram levadas para serem analisadas, disse o responsável.
Já os primeiros exames ao crânio de Émile mostram que este apresenta "pequenas fraturas e fissuras post mortem".
"Não foram observados traumatismos ante mortem. O crânio apresenta vestígios de mordeduras, provavelmente provocadas por um animal ou animais", continuou o procurador, explicando que, apesar das análises efetuadas após a descoberta das ossadas, ainda não é possível "dizer qual foi a causa da morte de Emile".
"Entre uma queda, homicídio culposo e assassinato, nenhuma hipótese pode ter maior precedência sobre outra para explicar a morte", frisou.
Jean-Luc Blanchon anunciou que as investigações vão continuar no terreno amanhã, com a possibilidade de serem prolongadas, e que as autoridades continuam a tentar esclarecer o desaparecimento e morte da criança.
Recorde-se que a descoberta do crânio e dos dentes da criança aconteceu cerca de nove meses após Émile ter sido dado como desaparecido, perto de Haut-Vernet, aldeia onde passava férias com os avós, em França.
A zona onde as ossadas foram encontradas já tinham, no entanto, sido alvo de buscas, o que levantou questões sobre o porquê de só agora terem sido descobertos os restos mortais. Investiga-se se a criança terá morrido neste local, ou se os restos terão sido lá colocados posteriormente.
Para já, não há detalhes sobre alegados suspeitos ou detenções na sequência desta trágica descoberta.
Na quinta-feira, dia 28 de março, foi organizado um 'cenário' do desaparecimento na presença da família, vizinhos e testemunhas na aldeia de Haut-Vernet, onde a criança foi vista pela última vez. No total, 17 pessoas foram convocadas pelo juiz de instrução durante uma investigação que durou cerca de oito horas.
De recordar que Émile, de dois anos e meio, desapareceu no dia 8 de julho do ano passado, na pequena região de Vernet, num momento em que estaria a brincar no jardim da casa dos avós.
[Notícia atualizada às 17h36]
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