O Irão acabou por lançar, na noite de sábado e madrugada de domingo, um ataque contra Israel, como retaliação pelo bombardeamento ao consulado iraniano em Damasco, em 1 de abril, que matou sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios e que aumentou as tensões entre Teerão e Telavive, já marcadas nos últimos tempos pela ofensiva de Israel na Faixa de Gaza.
O mundo pede agora contenção, temendo uma escalada do conflito na região. Mas o que se passou e o que foi dito?
O ataque do Irão recorreu ao uso de mais de 300 'drones', mísseis de cruzeiro e balísticos, a grande maioria intercetados, com o apoio dos aliados, nomeadamente pelos Estados Unidos.
Ao início da manhã, o chefe das forças armadas iranianas disse que o ataque realizado "alcançou todos os seus objetivos", especificando que nenhum centro urbano ou económico foi alvo de 'drones' (aeronaves não tripuladas) e mísseis.
O general Mohammad Bagheri afirmou que os dois locais mais visados foram "o centro de inteligência que forneceu aos sionistas as informações necessárias" para o ataque que destruiu o consulado iraniano em Damasco a 1 de abril, bem como "a base aérea de Novatim, de onde descolaram os aviões de caça israelitas 'F-35' que bombardearam as instalações diplomáticas do Irão na capital síria.
Por seu lado, o comandante em chefe da Guarda Revolucionária do Irão, general Hossein Salami, advertiu que Teerão contra-atacará de forma "mais severa que os bombardeamentos" de sábado à noite se Israel iniciar uma ofensiva contra interesses ou cidadãos iranianos em qualquer parte do país.
Israel, que vinha alertando há vários dias que a retaliação iraniana era iminente, deixou claro que planeia uma resposta ao ataque iraniano.
Apesar deste posicionamento, os Estados Unidos da América vieram dizer que não querem uma escalada nem uma "guerra alargada" no Médio Oriente, pela porta-voz do conselho de segurança da Casa Branca, ao mesmo tempo que um alto responsável norte-americano garantiu à AFP que o país não irá participar em qualquer ação de retaliação israelita contra o Irão.
Esta informação surgiu já depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão avisar os Estados Unidos de que Teerão atacará "inevitavelmente" as bases militares norte americanas no Médio Oriente se estas forem usadas para "defender e apoiar" Israel.
Condenação e reuniões de emergência
O ataque suscitou fortes condenações em todo o mundo e apelos à "contenção" e levou a uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e de uma convocação do G7.
O Conselho de Segurança da ONU acabou por terminar sem consenso. Enquanto o Irão defendeu que "não teve outra escolha senão exercer o seu direito à autodefesa", Israel disse que o seu país tem o direito de retaliação, apesar dos apelos do secretário-geral e de todos os países para se desanuviar a escalada, e pediu sanções contra o Irão.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, havia dito que população do Médio Oriente enfrenta o perigo real de um "conflito devastador em grande escala" e tinha apelado à "máxima contenção", frisando que "é hora de recuar do abismo".
Já o líderes do G7, o grupo dos países mais ricos do mundo, "condenaram unanimemente o ataque sem precedentes do Irão a Israel", no final da reunião. "Todas as partes devem dar provas de contenção", disse Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.
Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, que também condenou o ataque, disse que a União Europeia (UE) vai discutir novas sanções contra o Irão para conter os programas de drones e mísseis deste país, após Teerão ter usado estas armas no ataque.
E a posição de Portugal?
Face ao sucedido, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, condenou o ataque, apelando à contenção nas hostilidades para "evitar uma escalada de violência".
O Governo português condena veementemente o ataque do Irão a Israel. Apela à contenção, em ordem a evitar uma escalada da violência.
— Luís Montenegro (@LMontenegropm) April 13, 2024
The Portuguese Government vehemently condemns Iran’s attack to Israel. It calls for restraint, to avoid an escalation of violence.
Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu uma recomendação aos cidadãos nacionais, na sequência do agravamento da situação no Médio Oriente, a desaconselhar viagens para a região e pediu que se respeitem as instruções de segurança das autoridades locais.
Já o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas garantiu que "está tudo preparado se for preciso" retirar portugueses expatriados de Israel e revelou ainda que havia 47 a sair do Irão.
Presidente convoca Conselho Superior de Defesa Nacional
Face ao sucedido, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional, para a próxima terça-feira, para discutir a situação no Médio Oriente.
Nos termos da Constituição, o Conselho Superior de Defesa Nacional é um órgão colegial específico, presidido pelo Presidente da República, de consulta para os assuntos relativos à defesa nacional e à organização, funcionamento e disciplina das Forças Armadas.
No mesmo dia, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da UE vão também reunir-se, de forma extraordinária e por videoconferência.
A reunião extraordinária foi convocada pelo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, que anunciou que a reunião terá como objetivo "contribuir para a desescalada e a segurança na região".
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