Palestinianos manifestam-se a favor de detidos em prisões israelitas
Palestinianos da Cisjordânia ocupada manifestaram-se hoje para exigir a libertação dos detidos administrativamente nas prisões israelitas e pelo acesso das famílias aos presos, proibido desde o ataque do movimento islâmico Hamas em 07 de outubro.
© Maja Hitij/Getty Images
Mundo Cisjordânia
As manifestações organizadas por ocasião do Dia dos Prisioneiros tiveram lugar nas principais cidades do território ocupado por Israel desde 1967, nomeadamente em Ramallah, Hebron, Jericó e Nablus.
O dia tem particular significado este ano, após a prisão de milhares de pessoas nos últimos meses, num contexto de guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamita a Israel.
No entanto, em Ramallah, sede da Autoridade Palestiniana, reuniram-se menos de 200 pessoas, trazendo retratos de uma criança, de um pai ou de um marido, observou um jornalista da AFP.
"A questão dos prisioneiros palestinianos está nos corações e nas mentes de todos, deve trazer comunhão entre todos", lamentou Shawan Jabareen, diretor da organização de direitos humanos al-Haq.
A baixa participação pode ser explicada pelas divisões políticas na sociedade palestiniana, segundo os organizadores.
"Não quero participar neste tipo de coisa e ser um peão", disse um jovem à agência noticiosa France-Presse (AFP), recusando revelar o seu nome.
Outros temem ser presos no caso de apelos dos participantes à "libertação da Palestina", o que poderia resultar na sua condenação por incitação à violência.
À margem da manifestação, os transeuntes que correm pelas artérias comerciais da cidade caminham sem olhar para as palavras de ordem, entre elas as que pedem liberdade, ou para as bandeiras palestinianas.
Segundo o Clube dos Prisioneiros Palestinianos, o número de detidos aumentou para mais de 9.000 atuais, em comparação com os 5.200 antes de 07 de outubro, dia do ataque do Hamas que causou a morte de pelo menos 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP, baseada em dados oficiais israelitas.
As acusações são múltiplas: organização de atentado, homicídio, por vezes apelos indiretos à violência nas redes sociais, etc.
Após o ataque do Hamas, as autoridades penitenciárias israelitas anunciaram o "estado de emergência nas prisões", o que resultou num reforço das condições de detenção, incluindo o fim das visitas aos detidos.
Segundo o Clube dos Prisioneiros palestiniano, mais de mil prisioneiros estão mantidos em detenção administrativa, regime que permite a Israel encarcerar pessoas sem qualquer acusação.
Pelo menos 16 reclusos morreram nas prisões israelitas desde 07 de outubro, segundo o Clube dos Prisioneiros, que acusa Israel de maus-tratos, o que as autoridades penitenciárias negam.
"Soubemos da boca dos prisioneiros libertados [durante a trégua entre Israel e o Hamas] notícias terríveis sobre o que está a acontecer dentro das prisões", denunciou Qaddura Fares, presidente do Clube de Prisioneiros.
Entre os detidos estão médicos presos na Faixa de Gaza "após se recusarem a abandonar os seus pacientes", mas também ativistas dos direitos humanos, árabes israelitas, estudantes e jornalistas, tal como acusou a organização Amnistia Internacional (AI) num comunicado publicado hoje.
No final de novembro, uma trégua de sete dias na guerra entre Israel e o Hamas permitiu a libertação de cerca de uma centena de reféns dos 250 sequestrados a 07 de outubro, em troca da libertação de 240 prisioneiros palestinianos.
As negociações para um novo cessar-fogo temporário falharam.
Os ataques e a ofensiva terrestre lançada por Israel em retaliação deixaram 33.899 mortos, a maioria deles civis, na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do movimento islâmico palestiniano.
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