A história do ‘Tio Paulo’, que chocou o Brasil e o mundo, continua a dar que falar. No domingo, o G1, revelou mais informações sobre o caso e imagens inéditas, que mostram a mulher a chegar com o tio morto a uma agência bancária de Bangu, onde acabaria por pedir um empréstimo de 17 mil reais, cerca de 3 mil euros, no nome dele.
Nas imagens vê-se Erika de Souza Vieira Nunes, que está detida por tentativa de furto mediante fraude e profanação de cadáver, a empurrar a cadeira de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, e a sentar-se para esperar ser atendida. A certa altura, a mulher segura a cabeça do tio com a mão, mas quando a retira para mexer na mala, esta tomba.
O vídeo mostra ainda Erika, de 42 anos, a falar com uma funcionária do banco e, posteriormente, a ir à casa de banho. A funcionária fica, então, a sustentar a cabeça do homem durante aproximadamente seis minutos.
Erika regressa com um copo de água, que tenta dar ao tio, mas este não se movimenta. De seguida, são chamados ao balcão, onde foram registadas as imagens que, desde a semana passada, estão a dar a volta ao mundo.
Sabe-se agora que, após a tentativa frustrada de o tio já cadáver assinar o empréstimo, Érica voltou a sentar-se junto das outras pessoas que esperavam por ser atendidas, sempre a segurar a cabeça do tio, até que os dois são levados para uma sala mais privada.
Aí, segundo o G1, Paulo foi retirado da cadeira e uma funcionária do banco tentou reanimá-lo, mas sem sucesso.
Quando o Samu (semelhante ao INEM) chegou, já não havia nada a fazer. No relatório, o médico que foi ao local, declarou que Paulo já estava morto há cerca de duas horas, ou seja, antes de entrar na agência bancária.
passado que o tio paulo estava vivo antes de entrar na agência pic.twitter.com/xsh3SZHxSA
— vinxs (@demoraes__) April 17, 2024
Autoridades pedem exames complementares à autópsia
Entretanto, Paulo já foi enterrado. O funeral realizou-se no sábado, 20 de abril, quatro dias depois de morrer.
Segundo a autópsia, o idoso brasileiro morreu devido a uma “broncoaspiração de conteúdo estomacal e falência cardíaca”. Contudo, as autoridades pediram exames complementares para saber se este foi, de alguma forma, intoxicado.
Ao G1, o responsável pela investigação, Fábio Souza, revelou que a mulher "foi com o tio ao banco porque percebeu que ele estava no seu último momento de vida e tentou, antes que ele morresse, retirar o dinheiro. Só que, antes de chegar ao banco, ele morreu. Ainda assim, ela tentou fazer o saque do dinheiro, porque era a última hipótese de ficar com o dinheiro".
Já a advogada de Erika, Ana Correa, argumenta que esta estava em negação, daí estar a agir normalmente, como se o tio estivesse vivo.
Segundo a família, a mulher sofre de problemas psiquiátricos, com diagnósticos assinados por médicos de "depressão e alucinações auditivas".
O G1, falou com um dos seis filhos de Erika. A este jornal, Lucas Nunes dos Santos garantiu que a mãe "nunca roubou ou enganou ninguém" e que "encaminhou muito bem os filhos, ensinando o caminho dos estudos, o caminho do que é correto", tanto que todos os filhos são licenciados.
Segundo ele, o 'Tio Paulo' já tinha assinado, no dia 25 de março, o empréstimo, que seria para realizar obras na casa do próprio, onde Erika também morava com três dos filhos.
Paulo não tinha herdeiros. Nunca teve filhos nem se casou
Paulo Roberto Braga, de tinha 68 anos, era motorista de autocarros. Ao longo da vida teve vários relacionamentos, mas nunca se casou, nem teve filhos, ou seja, não deixou herdeiros, apesar de ter quatro irmãos, que moravam noutras regiões do Brasil e com quem não tinha contacto praticamente nenhum.
Há 15 anos que morava com Erika e três dos seus seis filhos, que foram os únicos presentes no seu funeral.
Ao G1, a família revelou que o seu estado de saúde degradou-se ao longo dos anos por ter problemas com álcool. Nas últimas semanas de vida, já estava bastante debilitado e nem conseguia andar. Erika, que aguarda agora julgamento em prisão preventiva, era a responsável pela maior parte dos cuidados dele.
As autoridades continuam a investigar o caso. Além de terem pedido exames complementares à autópsia, tentam perceber se Paulo já tinha emprestado, noutras alturas, dinheiro a Erika.
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