"Em 2023 registou-se um forte crescimento do PIB de 5,1%, refletindo o forte desempenho do turismo, com uma inflação média de 3,1%, abaixo dos 7,9% registados em 2022 e a situação orçamental melhorou significativamente no ano passado, com um excedente orçamental do saldo primário nos 2% do PIB, o mais elevado dos últimos 20 anos", disse Thibault Lemaire.
Em declarações à Lusa no final dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorreram até sábado em Washington, o economista do FMI apontou que a economia deverá crescer 4,7% neste e no próximo ano e salientou que "o desempenho orçamental foi impulsionado com o aumento das receitas de medidas fiscais e pela subexecução do investimento público".
Sobre o rácio da dívida sobre o PIB, um dos indicadores mais usados pelos investidores internacionais para aferirem a capacidade de um país honrar os seus compromissos financeiros, o FMI diz que a situação está a melhorar.
"A tendência decrescente do rácio da dívida sobre o PIB continuou, diminuindo de 148%, em 2021, para 115% do PIB em 2023", um valor muito acima da média de cerca de 60% da África subsaariana, mas que é compensado pelo facto de o arquipélago ter a maioria da sua dívida em termos concessionais, imune ao encarecimento das taxas de juro e beneficiando da paridade com o euro.
As perspetivas, continuou o economista, são favoráveis mas há riscos negativos, a começar pela suscetibilidade a choque geopolíticos e climáticos.
"Sendo um pequeno Estado insular em desenvolvimento, Cabo Verde continua altamente dependente, e portanto vulnerável, a perturbações em vários setores, principalmente o turismo, a fatores de produção essenciais, por exemplo concessionárias de transporte, fornecedores e mercados de origem de turistas, como o norte da Europa", disse Thibault Lemaire, acrescentando que "novos aumentos nos preços dos alimentos e dos combustíveis poderão afetar as famílias vulneráveis".
Para o FMI, concluiu, "a continuação das reformas no setor fiscal, das empresas públicas e do ambiente empresarial são importantes para o crescimento e a consolidação orçamental".
Na África subsaariana, o crescimento deverá aumentar de uns 3,4% previstos em 2023 para 3,8% em 2024 e 4% em 2025, "com os efeitos negativos dos choques climáticos a manterem-se e os problemas nas cadeias de fornecimento a melhorarem gradualmente", diz o Fundo.
A nível mundial, o FMI melhorou em uma décima a previsão do crescimento global para 3,2% este ano, taxa que também espera para o próximo ano.
A instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê que o crescimento global, estimado em 3,2% em 2023, continue ao mesmo ritmo em 2024 e 2025.
A previsão para 2024 foi revista em alta em 0,1 ponto percentual (pp.) face ao relatório de janeiro e em 0,3 (pp.) face a outubro do ano passado.
Leia Também: FMI prevê crescimento de Angola sustentado no setor não petrolífero