Na missiva sobre a efeméride, o responsável decidiu abordar o "enorme tema da desinformação geral" ´online´, e, em particular, na área da dança, onde também existem "burlões que querem ganhar dinheiro enganando os bailarinos", nomeadamente "escolas que não têm as aulas que anunciam" ou "títulos de estudos ou cargos falsos".
Instituído pelo CID da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) em 1982, o Dia Mundial da Dança, que hoje se assinala, é celebrado anualmente para marcar o nascimento do bailarino e mestre de bailado Jean-Georges Noverre (1727-1810), considerado um dos pioneiros da dança moderna.
Ainda sobre a desinformação na Internet, que ocupa toda a mensagem para o dia de hoje do presidente do CID, Alkis Raftis alerta para "eventos que têm taxas ou despesas ocultas, mas não o informam desde o início" e "professores que ensinam sem terem sido ensinados".
Raftis denuncia ainda, sem dar exemplos concretos, "festivais que não se realizam", "competições em que todos os concorrentes ganham um título" e "organizações com nomes impressionantes - nacionais, internacionais, mundiais - que não passam de empresas privadas".
"Não se pode impedir os burlões, mas pode-se impedir que as pessoas se tornem suas vítimas. Por isso, mantenha-se fiel ao que conhece bem, e ao que pode verificar com certezas", aconselha o responsável pela entidade fundada em 1973, que integra a UNESCO para a área da dança.
Anualmente, o CID envia uma mensagem nesta data para milhares de profissionais da dança ativos em 200 países, onde as celebrações passam por organizar eventos que saem da comunidade habitual da dança, abrindo-se a todos os públicos.
Todos os anos, nesta data simbólica para o setor, também o departamento de dança do Instituto Internacional do Teatro convida uma personalidade da comunidade da dança a criar uma mensagem alusiva à efeméride.
Este ano esse desígnio coube à bailarina argentina Marianela Nunez - antiga bailarina principal do Royal Ballet de Londres e vencedora do Prémio Konex para a melhor bailarina da década, em 2010 - que escolheu escrever sobre a memória, o esquecimento e a responsabilidade de evocar os mestres e protagonistas do passado.
"Uma memória não é suficiente para fazer história", apontou, na mensagem alusiva, divulgada na página ´online´ do instituto, defendendo "o compromisso de resgatar e revitalizar a história de mestres, artistas e coreógrafos que enriqueceram o mundo da dança, e merecem ser ouvidos pelas gerações futuras".
"Saibamos todos que não somos espectadores, mas herdeiros de uma tradição forjada com arte, dignidade e sacrifício, nutrindo o nosso caminho com vocação e amor pela beleza. Se o futuro e o presente monopolizarem a nossa atenção, sem a base sólida do passado, sem a fertilidade da nossa terra, a árvore da dança não pode florescer. As raízes são tradição e ao mesmo tempo nutrientes", sustenta.
Em Portugal, o Dia Mundial da Dança é anualmente celebrado de norte a sul do país, em palcos de teatros ou na rua, nas plataformas digitais, por várias companhias e entidades culturais que organizam programações com espetáculos, oficinas, visitas a escolas, exibição de filmes sobre dança, e aulas de dança abertas.
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