João Lourenço discursou no banquete oficial oferecido pelo Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-Yeol, no âmbito da visita de dois dias que realiza àquele país asiático.
"É tempo de nos mobilizarmos ao nível da comunidade internacional para encararmos esses problemas com frontalidade e com coragem para se lhes dar solução, de modo a evitar que se eternizem ou que recrudesçam, ao ponto de degenerarem em conflitos de dimensão global", frisou.
O chefe de Estado angolano transmitiu ao seu homólogo que todos os esforços que estão a ser envidados pela Coreia do Sul para "aliviar a tensão que paira sobre a península coreana devem ser encorajados", por considerar que "só a via do diálogo e do entendimento entre os povos e as nações contribuirão, de facto, para o fim dos conflitos, por mais intrincados que sejam".
Segundo João Lourenço, esta perspetiva é que deve ser considerada na abordagem dos diferendos que subsistem atualmente, contexto que inclui a invasão da Ucrânia pela Rússia, que merece uma solução que salvaguarde a integridade da nação ucraniana.
"Temos assistido com preocupação ao grave conflito que ocorre no Médio Oriente entre Israel e a Palestina, que tem vindo a ter amplas repercussões regionais, com risco de escalar para uma preocupante confrontação entre vários países dessa zona, o que aliás já começa a acontecer com a intervenção militar direta de outros atores, que deve ser objeto de atenção e de preocupação muito especial por parte de toda a comunidade internacional, de modo a agir-se para que Israel e o Irão mantenham a máxima contenção possível", disse.
Para João Lourenço, não haverá solução para o problema do Médio Oriente se não se tiver em conta os interesses do povo palestiniano e o seu direito à autodeterminação e à criação do Estado palestiniano independente e soberano.
Relativamente ao continente africano, o Presidente angolano disse que continua a luta contra as mudanças inconstitucionais de poder e o terrorismo em alguns dos países, como na região do Sahel e da África Ocidental e Central.
"A situação no Sudão e na República Democrática do Congo afigura-se bastante preocupante a julgar pelo elevado número de mortos, feridos, deslocados internos e refugiados que criam, pela grande destruição das infraestruturas e roubo dos recursos minerais e outras riquezas nacionais", frisou.
De acordo com João Lourenço, têm sido feitos esforços no sentido de ajudar esses países a encontrar os caminhos do diálogo, para se alcançar a paz duradoura e poderem se dedicar ao desenvolvimento económico e social dos respetivos países e das comunidades regionais em que estão inseridos.
Sobre a cooperação bilateral, o chefe de Estado angolano frisou que decorreram 31 anos de intercâmbio e de trocas a todos os níveis, mas mesmo tendo realizado nesse período ações de cooperação "com apreciável relevância", ainda está "muito aquém" de tudo o que pode ser feito, tendo em conta o potencial de que os dois países dispõem.
João Lourenço disse que a deslocação àquele país da Ásia visou absorver as dinâmicas que impulsionaram o desenvolvimento da Coreia e poder contar com a colaboração do Governo coreano, no sentido de ajudar Angola "a dar passos firmes e seguros na construção de uma economia sólida".
Os Governos angolano e coreano assinaram hoje quatro acordos nas áreas do comércio, saúde, ordem pública e diplomacia.
O chefe de Estado angolano confirmou a participação de Angola na cimeira Coreia-África, marcada para junho, na cidade de Seul.
Leia Também: Analista. Portugal deve pedir "desculpas formais" e apoiar ex-colónias