A Administração da Guarda Costeira de Taiwan (CGA) afirmou que quatro navios chineses entraram, na segunda-feira, nas "águas restritas" das ilhas Kinmen por volta das 15:30 (08:30 em Lisboa), de acordo com um comunicado, citado pela agência de notícias EFE.
Em resposta, a CGA "enviou imediatamente" três barcos de patrulha "para impedir que a frota continuasse a navegar", o que aconteceu por volta das 16:37 (09:37 em Lisboa), altura em que os navios chineses abandonaram a zona.
A parte taiwanesa afirmou que tais incursões "prejudicam gravemente a paz e a estabilidade" de ambos os lados do estreito da Formosa, instando as autoridades chinesas a "pôr imediatamente" termo a esse comportamento e a defender o "princípio da reciprocidade e do respeito mútuo".
De acordo com a mesma nota, a AGC vai continuar a acompanhar a situação com equipas de deteção e busca "24 horas por dia", agindo "com firmeza" para repelir estas incursões, realizadas "a intervalos irregulares e sem aviso".
"Em termos de aplicação da lei, as embarcações oficiais do continente [chinês] que naveguem nas nossas águas vão ser expulsas para garantir uma navegação segura e ordenada no mar", referiu no mesmo comunicado.
As Kinmen estão situadas a apenas 10 quilómetros de Xiamen e a 180 quilómetros da ilha principal de Taiwan.
As tensões em torno deste arquipélago, onde vivem cerca de 100 mil taiwaneses, aumentaram em 14 de fevereiro, quando uma lancha chinesa - sem certificado, nome ou número de registo portuário - entrou nas águas ao largo de Kinmen e dois dos quatro tripulantes morreram após uma perseguição pela Guarda Costeira de Taiwan.
Na sequência deste incidente, a China anunciou "patrulhas para proteger as vidas e os bens dos pescadores", o que tem resultado em incursões frequentes dos navios da Guarda Costeira na zona.
As ilhas Kinmen têm sido objeto de múltiplas disputas entre China e Taiwan ao longo das décadas, com destaque para um bombardeamento maciço, em 1958, quando militares chineses abriram fogo sobre o arquipélago no âmbito da segunda crise do estreito de Taiwan.
A presença destes navios chineses em torno das Kinmen ocorre apenas duas semanas antes da tomada de posse do presidente eleito e atual vice-presidente de Taiwan, William Lai, considerado independentista por Pequim.
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