O Gabinete de Investigação do Ruanda (RIB, na sigla em francês) indicou que o suspeito, identificado como Emmanuel Ntarindwa, esteve escondido durante 23 anos na casa de um outro indivíduo, também detido por não ter denunciado a presença do fugitivo.
O relatório do RIB indicou que Ntarindwa confessou ter fugido para a República Democrática do Congo (RDCongo) - país que faz fronteira com Angola - para escapar às novas autoridades, depois de ter participado no genocídio, e acrescentou que passou sete anos nesse país antes de regressar ao território ruandês em 2001, altura em que procurou refúgio em casa de Mukamana.
O RIB declarou que o detido, que alegadamente confessou vários assassínios em duas comunas de Nyanza durante o genocídio, nunca saiu de casa e que o homem cavou um poço num quarto para se manter escondido, segundo o diário ruandês 'The New Times'.
O anúncio da detenção de Ntarindwa surgiu dois dias após o Gabinete do Procurador do Mecanismo Residual para os Tribunais Penais Internacionais (IRMCT), o órgão judicial ligado às Nações Unidas (ONU) para a responsabilização pelo genocídio do Ruanda, ter confirmado a morte dos dois últimos fugitivos indiciados pelo seu papel no extermínio que durou sensivelmente três meses.
Cerca de 800.000 ruandeses, na sua grande maioria tutsis e hutus moderados, foram mortos por extremistas hutus em 1994.
Até hoje, continuam a ser descobertas valas comuns, especialmente porque os condenados deram informações sobre os locais onde enterraram ou abandonaram as vítimas.
As raízes do conflito entre hutus e tutsis remontam a várias gerações, embora a morte do então Presidente do Ruanda, o hutu Juvenal Habyarimana, quando o avião em que viajava com o Presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, foi abatido por um míssil, tenha rapidamente desencadeado massacres liderados pela milícia hutu, Interahamwe.
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