EUA instam Geórgia a mostrar "coragem" e suspender "lei russa"
Os Estados Unidos instaram no sábado os deputados do parlamento da Geórgia a mostrarem "coragem" e suspenderem a chamada "lei russa", que a Presidente do país, Salome Zurabishvili, no mesmo dia vetou.
© Nicolo Vincenzo Malvestuto/Getty Images
Mundo Geórgia
"Congratulamo-nos com o facto de a Presidente Zurabishvili ter defendido o futuro euro-atlântico da Geórgia, vetando a lei sobre os agentes estrangeiros. Instamos os membros do parlamento a mostrarem a mesma coragem e a não anularem o seu veto", afirmou Adrienne Watson, uma porta-voz da Casa Branca, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).
Os Estados Unidos advertiram esta semana de que reavaliariam a sua relação com a Geórgia se a "lei russa", cujo nome se deve à semelhança com as legislação existente na Rússia para silenciar os opositores, entrasse em vigor.
Embora a Presidente da Geórgia tenha vetado a lei, o partido no poder, o Sonho Georgiano, autor da legislação, tem mandatos parlamentares suficientes para ultrapassar o veto da chefe de Estado, pelo que o projeto de lei poderá ainda entrar em vigor.
O diploma em causa exige que qualquer organização não-governamental (ONG) ou órgão de comunicação social que receba mais de 20% do seu financiamento do estrangeiro se registe como "organização que persegue os interesses de uma potência estrangeira" e se submeta a um controlo administrativo.
O Governo do Presidente norte-americano, Joe Biden, já nas últimas semanas tinha manifestado preocupação com a lei, que Washington crê que deixará a Geórgia mais longe da União Europeia (UE), da qual obteve o estatuto de país candidato à adesão em dezembro de 2023, e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), com a qual mantém relações estreitas e a que deseja igualmente aderir.
Entretanto, a Presidente georgiana pediu ao homólogo francês, Emmanuel Macron, para se deslocar a Tbilissi para "libertar definitivamente o Cáucaso (...) da influência russa", numa entrevista hoje divulgada.
"Eles que venham", pediu, referindo-se aos líderes da União Europeia (UE).
"Emmanuel Macron prometeu-me praticamente desde que fui eleita, em 2018, que viria. É necessário que o faça antes do início da campanha eleitoral [para as eleições legislativas na Geórgia], em setembro", disse Salome Zurabishvili, em conflito aberto com o Governo, numa entrevista concedida ao jornal francês La Tribune Dimanche.
"Se França não estiver presente, é uma aberração. Digo-o com toda a clareza. Escrevi ao Presidente Macron e espero que ele esteja presente no Dia da Independência da Geórgia, 26 de maio", afirmou Zurabishvili, antiga diplomata em França.
"Não se trata apenas da Geórgia, trata-se de tirar definitivamente o Cáucaso da mentalidade do jugo soviético e da influência russa", sublinhou.
"Ninguém aqui quer entrar em confronto com a Rússia. É muito importante para o futuro da Europa, inclusive para uma Europa em segurança. Aqui, fica o Mar Negro, uma zona de trânsito energético e de comunicações", sublinhou a chefe de Estado da Geórgia, antiga república soviética.
Sobre o veto presidencial, explicou: "Não vai mudar nada. No entanto, é muito importante (...) Eu sou, de certa forma, a voz desta sociedade que está a dizer não a esta lei".
Salome Zurabishvili apelou, contudo, para a calma, asseverando: "Ninguém aqui quer avançar para a instabilidade".
"A lei vai ser aprovada (...). Não podemos continuar a manifestar-nos. Tomemos nota e passemos à fase seguinte. Numa democracia, é nas urnas que o futuro deve ser decidido", defendeu.
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